As postagens desse blog são em caráter informal, de apego ao saber popular, com seu entusiasmo, exageros, ingenuidade, acertos e erros.

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Peripécias da Natureza (Jonas Diego Teles)

Oi! Oi! Voltando das férias. Ah, quer saber... Falando em férias, essa obra me veio na lembrança. É um passeio pelos rincões do Amapá (e laiá!) na percepção de um poeta, com o deslumbramento da descoberta e a simplicidade das palavras.

Informações do livro:

Título: Peripécias da Natureza

Autor: Jonas Diego Teles

Ano: 2008

Editora: Gráfica JM

Ano: 2008

Páginas: 86

Tema: Poesia / Amapá



 "Não se espere aqui encontrar os experimentos linguísticos de um expert, os voos delirantes de um poeta angustiado, mas com certeza vamos nos deparar com as experiências de vida e com a imaginação de um ser humano que descobriu sua arte através dos olhos da alma. Esse olhar que somente os artistas conseguem traduzir. Por isso, acredito que este início de jornada poética do Jonas Diego Teles o leve a encontrar novos caminhos para a sua poesia. Uma poesia singela, com odores e sabores do nosso país, da nossa terra abençoada, onde cantam pássaros e um oceano de água doce tão poderoso e amado."
PAULO TARSO (Comentário no livro)

Pensa em um cobertor aconchegante embalando sonhos nas noites de um cidadão... Foi a imagem que o livro me passou, onde o cobertor é o cenário natural do Amapá e o dorminhoco o autor. Pode parecer engraçada a definição para a obra, mas acredito ser muito pertinente. Olha só....
O livro tem caráter essencialmente idílico, de deslumbramento e entusiasmo com as descobertas em um estado considerado dos mais preservados no país. Isso tende a ser mais eloquente em visitantes e pessoas com olhar sensível. Fatos que se consumam em Jonas Teles. Um maranhense estabelecido nessa terra desde 1991, quando aqui chegou buscando perspectivas para sua vida com a venda de quadros. De suas impressões temos cerca de setenta poesias nessa obra. Nascidas do olhar sobre a Cachoeira de Santo Antonio, o Rio Amazonas, a Linha do Equador, a pororoca, a Fortaleza de São José de Macapá, o Curiaú, a fauna, a flora, o folclore, a cidade que lhe pareceu aprazível, etc e etc. Impressões voltadas para a natureza recém descoberta em suas inspirações, a quem deu o nome de Peripécias da Natureza (e eu aqui transformei em um cobertor que o acolheu em suas buscas e sonhos...).
Os textos são singelos, dominados por saber popular em sua beleza simples e de certa ingenuidade visitante. Digamos, um pueril sonho bonito.
É, mais conhecendo-se a intimidade do Amapá, descobrimos outras coisas também. O poeta em alguns momentos desperta de seus sonhos de encantos e medita em uma observação  social. Ainda que poucos (pouquíssimos) o livro tem sutis referências à impacto ambiental ou à realidade sofrida do garimpo
Os textos finais trazem também um momento introspectivo, de melancolia em histórias pessoais. Parece que o poeta já não dorme mais só em seus idílicos encantos... 
Se o sonhar propiciou a maior parte do livro na trajetória inicial, um caminhar atual por esse estado e cidade vai revelar que os sonhos muitas vezes tem cores mais bonitas no nosso entusiasmo. Afinal, a pororoca perdeu sua força no Araguari, a Cachoeira de Santo Antonio está com outra cara e as ressacas têm povo que vive sofrendo. Ah, também nunca vi um boto na orla de Macapá...
Vamos sonhar e acordar para nossa realidade.

Sonhando...

TERRA BENDITA

Deambulava eu tranquilamente
Na linha imaginária do Equador
Meus olhos se deslumbraram de repente
Com o peneirar feérico do beija-flor.

Continuei o passeio. Mais adiante
Me envolvi num sonoro assobiar
No seu bater de asas bem galante
Era o fenômeno do exuberante sabiá.

Tem a fauna e a flora admirada
Nesta terra compacta de guerreiro 
É o meio do mundo respeitado
Do nosso rico BRASIL. é o primeiro.

É umas terra é um paraíso e referência
Que o Marco do Zero improvisou
Um improviso eterno da ciência
Que a geografia aqui consolidou.

Hoje vivo ao gozo da felicidade
Nesta linda e maravilhosa cidade
A qual aprendi a amar.

Sem vergonha de ser feliz
Sou uma clava, sou árvore de raiz
Na terra bendita: MACAPÁ. 

E acordando...

 DOR INIMIGA

Pensativo no meu leito
Raciocinando não sei o quê
Presumindo o tal rejeito
Que a vida quis me fazer...
(...)

Pensando....

REVOLTA

Muitas coisas aconteceram
Fatos nunca narrados
Homens morreram enterrados
Nesses garimpos do Norte...
(...)

Acordado vendo meu Amapá. 
Que antes de tudo de tudo é assim...

SOU AMAPÁ GERANDO AMOR

Sou rico em cataratas!
Grandiosas são minhas matas
Sou abraçado pelos rios.

Minhas veias são as águas
Meu organismo fauna e flora 
Sou começo do Brasil.

À margem do Amazonas sou a capital
Sou hemisfério, sou tropical
Sou Marco Zero do Equador

Sou o alagado, sou a serra
Sou esta rica terra
Sou Amapá gerando amor.


A obra está disponível para consultas na 
Biblioteca Pública Elcy Lacerda
Sala da Literatura do Amapá e da Amazônia 
 
Macapá - Bairro Central