As postagens desse blog são em caráter informal, de apego ao saber popular, com seu entusiasmo, exageros, ingenuidade, acertos e erros.

terça-feira, 10 de abril de 2018

Amapá - Vivendo a nossa História (Maria Brito / Marcelo Soares, 2008)

Registrando obra do acervo da Biblioteca Ambiental da SEMA-AP, que apresenta informações básicas sobre a história amapaense.

"Foi com muita satisfação que produzimos este livro para você. Ele é o resultado de muita pesquisa, dedicação e experiência de longos anos que compartilhamos com nossos alunos alunos durante as aulas.
Com ele você terá oportunidade, juntamente com seus colegas e professores, de trilhar e construir a história amapaense. Compreenderá que nosso presente foi construído de muito suor, sorrisos e lágrimas, que marcaram a formação do nosso estado.
Cuide bem do seu livro como um tesouro maior.
Viva intensamente suas palavras e imagens.
Participe ativamente da construção de um amanhã melhor, pois o futuro lhe pertence, e sinta-se, portanto, diretamente responsável por ele." (OS AUTORES)

Título: Amapá - Vivendo a nossa História
Autores: Maria Emília Brito / Marcelo André Soares
Editora: Base
Ano: 2008
Páginas: 128

Sumário
Unidade I - Nossos primeiros habitantes: passado e presente
Unidade II - O Amapá no contexto das grandes navegações
Unidade III - O Amapá na época da exploração colonial
Unidade IV - Presença africana no Amapá
Unidade V - Da criação do Território Federal do Amapá aos dias atuais
Unidade VI - O Amapá de hoje: construindo o futuro
Unidade VII - Cultura amapaense hoje: a preservação do legado de nossos antepassados

Livro didático sobre a História Amapaense, direcionado ao ensino fundamental, resgatando a trajetória de trabalho, conquistas, lutas e anseios. A obra é ricamente ilustrada com mapas, figuras e saberes da cultura local, propondo sempre a investigação das raízes, discussão do presente e projeção de um futuro mais consciente e melhor estruturado.
Alguns registros:
Nossos primeiros habitantes - Voltado aos povos indígenas, ressalta que parte instalou-se em terras amapaenses a poucos séculos, pressionados pela colonização europeia em outros cantos da Amazônia. Ponto que também diverge opiniões entre pesquisadores.
O Amapá no contexto das grandes navegações - Interessante a informação sobre expedicionários europeus antes de Cabral, que teriam passado pela costa amapaense. Foram citados Américo Vespúcio (1499), Vicente Pinzón (janeiro de 1500) e Duarte Pacheco (que em 1498 teria desembarcado em algum ponto entre o Pará e Maranhão, integrando depois a expedição de Cabral).
O Amapá na época da exploração colonial - Traz informe curioso sobre a primeira denominação para a região amapaense (Adelantado da Nueva Andaluzia) pelo explorador Francisco Orellana em 1544. O texto registra que essa expedição não foi bem sucedida e naufragou. O capítulo cita também a presença inglesa e holandesa tentando conquistar a terra (pelos idos de 1600), construindo  fortes na região de Macapá (não a Fortaleza atual) e na entrada do Igarapé da Fortaleza em Santana (chamado de Cumaú, depois destruído pela ação portuguesa, que levantou no lugar outro, chamado de Santo Antônio). É, mas o bicho pegou mesmo foi com a França, pois brasileiros e franceses tornaram essa terra um lugar em disputa. Ambos tentaram estabelecer governos por conta própria, sem sucesso, e a disputa se acirrou com a descoberta de ouro em Calçoene. Em 1895 ocorreu o episódio mais sangrento: a batalha onde se destacou o Cabralzinho contra os invasores que massacraram o povo em Amapá (chacina covarde e horripilante). O desenlace da disputa se deu em 1900 através do Laudo Suíço, quando as terras em disputa foram dadas em ganho de causa para o Brasil e anexadas ao Pará. Rapaz! Esse período tem muito mais para se descobrir...
Presença Africana no Amapá - O destaque vai para a história do quilombo do Curiaú (hoje, dentro de uma APA em Macapá) e a incrível e mal sucedida tentativa de estabelecimento de cidade portuguesa em Mazagão nos idos de 1700. Os portugueses haviam sido expulsos do Marrocos e, através de um plano para reforçar a presença de Portugal na Amazônia, mais de mil pessoas vieram para esses rincões. Só não contavam com a terra diferente da que estavam acostumados a trabalhar e as doenças tropicais que deram fim a vários. A maioria que restou tratou de dar no pé para outras paragens (Belém, Macapá, outra cidade próxima que construíram - Mazagão Novo - e região das ilhas). Ah, tem também algo que achei interessante sobre o Curiáu. O nome vem de cria mu, como chamavam o gado. O local tem grande importância no cenário ambiental, cultural e histórico do Amapá.
Da criação do Território Federal do Amapá aos dias atuais - Destaque para a criação territorial no governo de Getúlio Vargas em 1943. Nas motivaçãos: a segurança militar (o Amapá tinha base americana na segunda guerra, em apoio aos aviões que patrulhavam a costa brasileira) e o interesse econômico (a atenção nacional se voltou ainda mais com a descoberta das ricas jazidas de manganês). O capítulo cita também informações básicas sobre dois projetos: ICOMI e Jari. A ICOMI foi importante, mas deixou grande impacto ambiental quando encerrou suas atividades nos anos 90, além de pouca reversão da riqueza para o Amapá; e a JARI, em termos gerais, foi mal sucedida em vários projetos e desenvolve atividades na fábrica de papel e exploração do caulim. Morei nas vilas desses dois projetos e tenho boas lembranças. Faltou a história do Novo Amapá (um dos maiores desastres fluviais na Amazônia, que contribuiu para a imagem do fracasso da JARI na fase de administração americana).
O Amapá de hoje: construindo o futuro - Mostra aspectos econômicos relacionados ao extrativismo, potencial ambiental e patrimônios culturais. Há alguns exageros, pois a pororoca do rio Araguari (citada com entusiasmo nesse contexto) nem existe mais com a construção de três hidrelétricas que impactaram ambientalmente a região.
Cultura amapaense hoje: a preservação do legado de nossos antepassados - Ênfase para o Marabaixo, a principal manifestação cultural ao lado da Festa de São Tiago no Mazagão.

É um livro simplificado, direcionado ao ensino fundamental. O ponto de maior  ausência foram aspectos urbanos relacionados historicamente a Macapá (como o crescimento migratório e ocupação desordenada das ressacas, um dos assuntos de maior procura na Biblioteca SEMA-AP). 
Legal não ter enchido a bola de nenhum político. Em termos gerais, uma introdução na história amapaense para a turma do fundamental. 


Disponível para pesquisas 
na Biblioteca Ambiental da SEMA em Macapá.