As postagens desse blog são em caráter informal, de apego ao saber popular, com seu entusiasmo, exageros, ingenuidade, acertos e erros.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

BAIRROS DE MACAPÁ - Jesus de Nazaré (Parte 1 - Jornal de 1997)

Mais um texto antigo mostrando um pouco da história dos bairros. O autor é  Izael Marinho e foi publicado no jornal "O Liberal", de 04 de maio de 1997. Todas as informações referem-se a esta época. Nota-se que muitas coisas relatadas não condizem com a realidade hoje. Outro dia ainda vou registrar a realidade presente. No momento, este é o bairro Jesus de Nazaré, em uma visão no século passado, lá nos idos de 1997.
BAIRRO NÃO PERDE JEITO ARISTOCRÁTICO
PERTO DO CENTRO, JESUS DE NAZARÉ TEM SUSTOS E ORGULHOS
Os problemas urbanos também fazem parte da paisagem do Jesus de Nazaré, 
embora a maior parte do bairro seja bem urbanizada. (Foto: Gilmar Nascimento)
     Nos idos de 50 a 60 ele foi o bairro mais aristocrático da cidade. Lá habitavam os servidores de staff  governamental, os funcionários públicos, numa época em que ser barnabé era motivo de orgulho e sinônimo de prosperidade. Os empregados mais graduados do governo (do ex-Território) tinham casa ali. Até uma vila foi construída só para eles – a Vila do Ipase. O bairro se chamava, na época, Jacareacanga. Por quê? Ninguém se atreve a responder. Aliás, nem os moradores mais antigos gostavam do nome – motivo de chacota e maledicências dos habitantes de outras regiões da capital.
     O nome Jesus de Nazaré – mais pomposo e agradável aos ouvidos dos moradores – adveio dos primeiros religiosos católicos (padres e freiras) que instalaram no bairro uma igreja, um convento e um seminário. “É um bom nome. Jacareacanga era ruim até de pronunciar”, lembra a professora aposentada Nádia Filomena Cavalcante, 69 anos, mais de 30 só de Jacareanga.
     O passar dos anos não tirou de Jesus de Nazaré o jeito de bairro nobre, onde 60% dos moradores – cerca de 5.000 pessoas – estão acima da linha que separa a pobreza da classe média. Miséria e miseráveis há, mas em número bem menor do que nos demais bairros da cidade.
     Mesmo nas áreas de invasão – a mais famosa é a “Vila Pica-pau”, atrás do aeroporto – a classe baixa mantém um padrão de vida invejável para qualquer miserável de outra capital brasileira. “Nosso maior problema é moradia. Nossas casas é que são uma vergonha. Mas fome ninguém passa, não senhor”, atesta o pintor Eduardo Meira Filho, 44 anos, que está há 16 anos morando em um barraco do tipo palafita construído atrás do muro do aeroporto.
     Numa coisa Meira tem razão: no Jesus de Nazaré não há mendigos, menores abandonados ou gente morando na rua, como acontece em outros bairros de periferia. Uma curiosidade: há poucos desempregados em todo o bairro. Mesmo nos casebres mais pobres, as pessoas têm um televisor em cores, uma geladeira, um aparelho de som (ou rádio) e uma máquina de lavar roupas. Muitos se dão ao luxo de possuir até vídeo-cassete de última geração.
     Nem tudo são flores nesse aparente mar de tranqüilidade em que vivem os moradores do Jesus de Nazaré. Apesar de possuir duas delegacias de polícia – uma de defesa dos direitos da mulher e outra da Polícia Federal – os habitantes não se sentem seguros.
     O índice de criminalidade, proporcional ao número de habitantes, é baixo. Nem por isso deixa de assustar a população. Há anos não ocorrem crimes de morte na região. Em compensação, as gangues aterrorizam as famílias.
     Para fugir da ação dos grupos organizados de rua, os moradores mais abastados contratam segurança particular (vigias). Quem não tem dinheiro para esse gasto arranja um cachorro – de raça ou não – para se encarregar da proteção.
     Mas é rara a noite em que uma casa não é arrombada, um muro ou fachada não aparece pichado. As gangues estão se especializando em promover badernas nas ruas e espancamento de pessoas inocentes.
     As tradicionais brigas de gangues foram substituídas pela ação conjunta dos delinqüentes contra qualquer cidadão, pelo simples prazer de atemorizar e infernizar a vida das pessoas. O consumo de drogas também aumentou e as primeiras “bocas-de-fumo” começam a aparecer na região.
     Ainda assim, as estatísticas policiais confirmam o que os moradores já sabiam: O Jesus de Nazaré é um dos poços bairros da cidade onde o cidadão ainda encontra paz e sossego. Mas não é fácil descobrir quem queira vender ou alugar uma casa por aquelas bandas. 
     “Problema nós temos, mas tenho certeza de que pouca gente gostaria de sair daqui para morar noutro lugar. Nós ainda temos o privilégio de colocar cadeiras em frente de casa, no final da tarde, e bater  um longo papo com os vizinhos”, festeja Dona Senhorinha da Conceição, 72 anos, uma pensionista que diz ter vivido metade de sua vida naquele bairro, e de onde não sai por dinheiro nenhum.

COMO NOS BONS TEMPOS DE JACAREACANGA
A igreja, no coração do bairro, 
é hoje uma das maiores referências
À primeira vista, quem visita o Jesus de nazaré tem a impressão de que os moradores de lá não sofrem os problemas comuns aos demais habitantes da cidade: falta de água, luz, saneamento, segurança, saúde. Mero engano, asseguram os moradores.
     "É claro que podemos nos dar ao luxo de possuir boas escolas, repartições públicas excelentes, um serviço de saneamento básico de relativa qualidade. Mas há pontos do bairro onde as pessoas sofrem com a falta d'água e até de luz elétrica", conta o empresário Jonas Mariano Teixeira, de 39 anos, dono de um supermercardo, e que há 8 anos trocou o Buritizal pelo Jesus de Nazaré. Ele diz não ter se arrependido da decisão.
     O que Jonas não conta é um dos graves problemas da população é a ausência de um posto médico no bairro. As autoridades  de saúde pública argumentam que devido à proximidade do Jesus de Nazaré com o centro administrativo da capital, onde estão localizados os hospitais Geral, Pediatria, Maternidade e até o Pronto Socorro (além do HEMOAP), não há necessidade de novas unidades de saúde na região. "De lá para cá são menos de três minutos de carro e, no máximo, dez minutos a pé", frisa um médico do Hospital Geral.
     Para compensar essa ausência  do sistema público de saúde, no bairro, as clínicas particulares começam a se instalar por aquelas bandas.
     Por conta disso, o sistema de ambulâncias "1520" da Prefeitura, tem sido bastante acionado pelos moradores, principalmente pelas pessoas que habitam as baixadas e áreas de invasão.
     Dificuldade, mesmo, têm os "sem-teto". morando em barracos erguidos sobre alçagados, expostos a constante risco de inundação, essas pessoas não vêem a hora de serem removidas para áreas firmes. Uma promessa antiga tanto do Governo quanto da Prefeitura.
     "Já fomos várias vezes à Prefeitura e até à Secretaria de Obras. Poucas foram as audiências em que fomos recebidos por alguém que realmente decidisse alguma coisa. Na maioria das vezes saímos de lá com mais dúvidas do que quando entramos. É sempre a mesma conversa: não dá pra aterrar  as baixadas porque são ressacas, e isso causaria um desequilíbrio ambiental. Então, por que não tiram logo a gente daqui e colocam num lugar seco?", indaga, indignada, a dona-de-casa Rosália da Silva (35 anos), uma espécie de líder comunitária dos invasores.
     A casa que divide com 5 filhos e com o marido (desempregado) está prestes a cair sobre o lago. Dona Rosália diz não ter para onde ir, nem dinheiro para consertar o barraco. Aguarda que uma alma generosa lhe estenda a mão e doe um terreno noutro lugar. "Até lá pra Piçarreira eu vou", diz ela, referindo-se ao recém-implantado bairro do Infraero, na divisa do São Lázaro com o Jardim Felicidade, na saída da cidade, para onde foram transferidas centenas de famílias de desabrigados das enchentes.
Embora pacato, o bairro tem problemas 
com gangues de rua, 
que sujam muros e portões das casas
     Os primeiros moradores chegaram ao então Jacareacanga numa época em que Prefeitura e Governo pouco ligavam para o crescimento desordenado da cidade. Como terreno era coisa sem muito valor, à época, qualquer pessoa podia apossar-se de quanta terra quisesse ou tivesse  condições de cuidar. Talvez por isso os moradores mais antigos possuam hoje lotes que vão de uma rua a outra. O pai de família demarcava seu terreno e mais uns três - um para cada filho. Isso nunca foi motivo de briga ou disputa judicial.
     O atual Jesus de Nazaré mantém muitas das características do antigo Jacareacanga: ruas largas e arborizadas, casas espaçosas e no mais elegante estilo clássico ou moderno, jardins (ainda que pequenos, em quase todas as casas), quintais tomados por árvores frutíferas.
     À noite, como o bairro não tem muitos barzinhos ou mesmo boates, é comum observar rodadas de vizinhos em frente às casas em conversas animadas ou, aos domingos, ouvindo o jogo do dia.
O Liberal - 04/05/1997
PADEIROS - No Jesus de Nazaré - talvez o único local da cidade onde isso ainda é possível - não é difícil o visitante  se deparar com um padeiro, de caixa na garupa da bicicleta, oferecendo pão quentinho de porta em porta. O tradicional paneiro de palha de buriti foi substituído por uma caixa de compensado forrada com material impermeável. O característico grito de "pa-a-dei-ro" acabou sendo trocado por uma infernal buzina de pipoqueiro. O horário também mudou. O padeiro não passa mais de madrugada e, sim, às 3 horas da tarde, na hora em que a dona-de-casa se prepara para o religioso café. Mas o charme da profissão continua.
     "É bem mais prático comprar o pão na porta de casa do que sair pára comprá-lo na padaria. Se bem que lá, na padaria, há mais opções...", comenta a doméstica Laura Crespo, 38 anos.
     Outra característica do Jacareacanga que se mantém atual no Jesus de Nazaré é a prestação de serviços. É comum ver eletricistas, encanadores, pedreiros, pintores, tocando as campainhas das casas e oferecendo seus préstimos profissionais a um preço bem menor do que cobram as empreiteiras. Como é gente conhecida no bairro, a maioria dos moradores confia seus trabalhos a eles. 

Venha conhecer!

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Lançamento da Agenda Arte Literária 2012

Em 08/02/2012, no Centro Franco-Amapaense - em Macapá, ocorreu o lançamento da Agenda Arte Literária 2012. Uma produção da Associação Literária e Teatral ABEPORÁ DAS PALAVRAS como singela contribuição aos amantes da poesia, reunindo textos de 29 poetas amapaenses... união entre o útil e o agradável.

Capa/Foto: Salto de Menino no Rio Amazonas (Benedito de Queiroz Alcântara).
"O  lançamento da agenda coloca em destaque os escritores do nosso Estado 
e ainda traz a poesia para o dia a dia das pessoas"
(Adriana Abreu - integrante do Grupo de Poesia "Tatamirô")

Na agenda encontramos textos de: Alcy Araújo, Romualdo Palhano, Alcinéia Cavalcante, Iramel Lima, Augusto Oliveira, Leacide Moura, Armindo Sousa, Carla Nobre, Kairo Ribeiro, Herbert Emanuel, Pedro Stkls, Thiago Soeiro, Jonas Teles, Manoel Bispo Corrêa, Ana Carolina Magalhães, Danielle Gomes, Fernando Costa de França, Fernando Canto, Paulo Tarso, Ranilson Chaves, Alessandro Cardoso, Benedito de Queiroz Alcântara, Aracy Mont'Alverne, Ricardo Pontes, Pedro Henrique, Simãozinho Sonhador, Ibis Amazonas, Martinho Danilo e Wemerson de Brito.
TEU AROMA

Sigo o horizonte estrada a fora
Faz frio, sinto teu perfume
No ar da madrugada
Doce fragância penetra meu íntimo...
Procuro em todos os lados, não há flores
Meu coração fala baixinho...
É tua saudade me visitando.

LEACIDE MOURA

Foram referências para esta postagem:

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Museu Sacaca (Parte 2 - História de Sacaca - Vídeos)

O nome do museu é uma homenagem a Raimundo dos Santos Souza, mais conhecido como "Sacaca", curandeiro local de grande importância para a difusão da medicina natural junto à população amapaense. Nascido em 21/08/1926, casado com dona Madalena Souza, a primeira Miss Amapá, foi pai de 12 filhos.
Residente do bairro do Laguinho, sempre atendeu aos moradores com sua medicina fitoterápica, conhecimentos estes adquiridos com os pais e aprimorados com estudos de pesquisadores internacionais. Discípulo do cientista Waldemiro de Oliveira Gomes, com quem trabalhou no Laboratório Químico do Território Federal do Amapá e no Museu Industrial. Partiu em 1999, quando o Museu recebeu seu nome.              (Texto de Hellen Cortezolli - da SECOM, publicado no jornal institucional do GEA PARTICIPAÇÃO - Ano I - Nº 08 - de distribuição gratuita e circulação em Outubro de 2011).
Estátua do Sacaca e estátua-viva em performance na reabertura do Museu, em 03/02/2012. (Foto: Rogério Castelo)
Alguns importantes e históricos vídeos sobre o Sacaca são estes, para conhecimento das novas gerações:

Dr Sacaca, O Senhor da Floresta (Amazon-Sat)
- Gravado quando Sacaca ainda era vivo - sem data precisa, é anterior a 1999
- Reportagem e Direção: José Amoras 
- Imagens: Eldemir Corrêa / Carlos Cardozo 
- Edição de Imagem: Carlos Magno 
- Operador de VT: Valdir Campos 
No vídeo, entre outras informações, é mostrado:

- "Do meio da mata surge o alívio para as dores do homem urbano. A Floresta Amazônica possui vegetais capazes de verdadeiros milagres e vem gerando homens que descobrem e distribuem estes milagres. O Dr Sacaca é um desses homens" (narração na abertura).

- Sacaca aprendeu com o pai a conhecer as muitas espécies de árvores e sua mãe ensinou-lhe a preparar remédios para tratamento de infecções urinárias.

- Ainda adolescente aprendeu a arte de conhecer as plantas da mata com um famoso sábio francês estudioso da floresta e radicado no Estado do Pará (Paul Le Cointe).

- Teve também como mestre o cientista Waldemiro Gomes, com quem trabalhou no Laboratório Químico do Território Federal do Amapá e no Museu Industrial. 
Nota para as bobagens insanas de Gregor Samsa: Meus pais, em mudança de Serra do Navio para Macapá, compraram a casa onde residiu este homem. Era um local cheio de muitos livros (pilhas para ser mais preciso), na penumbra e com centenas de frascos... tanto que impregnavam o ambiente com cheiro de remédio. Todo esse material foi reunido e coletado pela filha dele. Esse renomado cientista era conhecido como "Velho-Pombo" no Bairro do Trem. O por quê deste apelido bacana? Bom... segundo moradores antigos, era comum ver o grande cientista transitando sempre com roupas brancas, todo parrudo, com suas cãs. Ah... me perdoem os estudiosos esta exposição boba, são lembranças de meus 09 anos, em 1982. Ara... vão todos é se lascar, eu escrevo o que me der na telha e pronto. A casa era na Rua Hamilton Silva, quase de esquina com a Av. Maria Quitéria, onde moramos até 1987. Já não existe mais.
- Participaram também na formação de Sacaca dois grandes amigos: Aldo Lo Curto (médico italiano) e José Maria de Albuquerque (padre brasileiro e estudioso das plantas).
Padre José Maria de Albuquerque, Waldemiro Gomes e Aldo Lo Curto
- Sacaca estudou a teoria de muitos pesquisadores brasileiros e europeus e era respeitado por botânicos de todo o país.
Exemplo disto está no artigo "No Laguinho, um Doutor  em Biodiversidade Amazônica" - publicado em jornal amapaense e escrito pelo Profº Dr Angelo Pinto (do Instituto de Química da Universidade Federal do RJ) - que elogiou o encontro e diálogo entre Sacaca e Benjamim Gilbert (da Fundação Osvaldo Cruz do RJ). Em suas palavras: "O diálogo travado entre esses dois sábios é um acontecimento raro na vida e foi melhor do que qualquer aula que tivemos nos bancos escolares da universidade. O Dr Sacaca conhece plantas medicinais do Amapá de forma muito mais profunda que qualquer doutor em Botânica. A naturalidade com a qual se refere aos nomes científicos das plantas deixou-nos estarrecidos".
- Os conhecimentos eram também no combate a pragas agrícolas (como a mosca-da-carambola) e também na perfumaria.
Sacaca demonstrando seus conhecimentos no combate à mosca-da-carambola.
- A biopirataria era uma de suas preocupações, conforme se expressou: "O povo brasileiro tem que aprender a viver com aquilo que ele tem, porque estamos sendo muito explorados. Os países mandam gente prá cá, depois registram no nome deles e mandam as coisas prá gente comprar." (depoimento no vídeo).

- Apresentou na Rádio Difusora um programa aos sábados (05 às 07 da manhã) onde atendia e tinha ouvintes fora do Amapá e do país (informação no vídeo).
 
- Era uma figura muito presente também na cultura do marabaixo (dança folclórica do Amapá) e no carnaval (foi Rei Momo e participou da fundação da primeira escola de samba, a Boêmios do Laguinho).

Outro vídeo sobre o Sacaca foi exibido no SBT-AP, em 01/02/2012.
Sacaca e as Plantas Medicinais (SBT-AP)
- Exibido como parte de uma série, do SBT-AP (TV Amazônia) em homenagem aos 254 anos de Macapá.
- Reportagem: Mônica Silva e Márcio Bacellar
- Apresentação do Programa Meio-Dia: Bernadeth Farias
(Os vídeos podem ser vistos na Biblioteca SEMA em Macapá) 
Entre outros aspectos importantes, é mostrado no vídeo:

- "Realeza das matas, da fauna e da flora, dos bichos exóticos e conhecidos, abrigo dos rios e cascatas, soberana das relvas, força das pedras, explendor de beleza... vida. Este é o cenário da nossa majestosa mãe natureza. Inspiradora dos poetas, mestra dos sábios, dos conhecedores dos cantos, encantos e segredos dessa imensidão. Dos homens que fazem experiências reveladoras, pondo em prática uma missão: a cura através das plantas medicinais. Foi assim que durante muitos, muitos anos, o sábio e curandeiro Raimundo dos Santos Souza, o saudoso Sacaca, dedicou parte da vida cuidando das pessoas que muitas vezes deixaram de acreditar na medicina científica" (narração na abertura do vídeo).
- Sacaca era dotado de um conhecimento invejável e aos poucos foi construindo sua fama, pelos resultados alcançados através de suas  ervas e garrafadas ( mistura de várias plantas). A população o procurava em busca de curas para diversas doenças.
- Em 1994 foi homenageado pela escola de samba Piratas da Batucada, com o enredo "Festa para um rei negro". A agremiação foi a campeã neste ano.

- Faleceu em 19/09/1999, de enfisema pulmonar. Veja um artigo, de Archibaldo Antunes, publicado no Jornal do Dia - de 29/09/1999 - intitulado "A benção, Sacaca".
Este é o homem que dá nome a um importante e bonito museu em Macapá. 
Sacaca, Dr da Floresta e sábio conhecedor das plantas medicinais.
Existe um outro vídeo, que até hoje nunca consegui adquirir por nenhum meio. Foi uma reportagem especial do Globo Rural, exibida nos anos 90. Assisti o programa na época, mas não tenho o registro em imagens. Gostaria muito de ter a oportunidade ainda de divulgá-lo aos conterrâneos de Macapá. São histórias que precisam ser conhecidas.

Fontes Consultadas:
Veja também:

Lançamento do CD: MACAPÁ, 254 ANOS

Em 04 de fevereiro, durante show no Mercado Central (promovido pela Prefeitura de Macapá), foi lançado o CD “Macapá, Feliz Cidade – 254 anos”. Homenagem de amor a esta cidade, através de 13 canções compostas e interpretadas por renomados artistas da música amapaense.

Apresentação de Juliele em 04/02/2012 em frente do Mercado Central (aniversário da cidade). Apresentaram-se também Osmar Jr, o Marabaixo, Nonato Leal e o Mestre Vieira da Guitarrada.
 Macapá, Feliz Cidade - 254 anos (2012)
01) Vou para casa  (Fernando Canto e Manoel Cordeiro) / Intérprete: GRUPO PILÃO
02) Raízes Tucuju - Amor no meio do mundo (Mauro Guilherme) / Intérprete: JULIELE
03) Onde eu plantei minha vida (Compositor e Intérprete: OSMAR JÚNIOR)
04) O amor que é Macapá (Compositor e Intérprete: BEBETO NANDES)
05) Nega Andaluzia (Compositora e Intérprete: ANA MARTEL)
06) Meu retorno (Fernando Canto e Nivito Guedes) / Intérprete: NIVITO GUEDES
07) Coração Tropical (Compositor e Intérprete: OSMAR JÚNIOR)
08) Uma história de amor (Juliele, Fernando Canto e Manoel Cordeiro)
Intérprete: JULIELE
09) Lugar Bonito (Compositor e Intérprete: NIVITO GUEDES)
10) Postal Macapá (Paulo Bastos) / Intérprete: PATRÍCIA BASTOS
11) Amor Boreal (Compositor e Intérprete: CLÉVERSON BAÍA)
12) Eu te amo Macapá (Compositor e Intérprete: MARCELO DIAS)
13) Maravilhosa Macapá, Minha Jóia, Jóia Minha (Vicente Cruz e Ademir do Cavaco)
Intérprete: MACUNAÍMA

Referência para esta postagem:

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

BAIRROS DE MACAPÁ - Novo Horizonte (Parte 1) Vídeo

Em 24/01/2012 a Record News-AP (TV Equatorial Cidade) exibiu uma reportagem sobre o bairro NOVO HORIZONTE (na zona norte de Macapá). Mais um vídeo, aqui resgatado, para entender um pouco mais da história, crescimento e carências desta cidade. A compreensão do meio em que vivemos é o fundamento inicial para que ocorram transformações.
"O presente não é um passado em potência, ele é o momento da escolha e da ação." (Simone de Berauvoir - escritora e filósofa  francesa)
A reportagem é de Alessandra Fernandes,  com imagens de Magno Farias e edição de Michael Anderson.

Veja o vídeo NESTE LINK

A Reportagem pode ser vista na Biblioteca SEMA-AP

- O Bairro Novo Horizonte é o segundo mais populoso de Macapá (fica atrás apenas do Buritizal).  

- Tem cerca de 25 mil moradores.  

- Foi chamado inicialmente de Capilândia, depois mudou para Novo Horizonte.  

- A oficialização foi em 1994 (Lei Municipal 611/94 - PMM) , quando o governador da época (Aníbal Barcellos) abriu rua e colocou energia elétrica.  

- O bairro cresceu tanto que  foi dividido em Novo Horizonte II e III, em 1998 (Lei Municipal 951/98). 

- Apresenta 272 quadras dividindo a área do bairro. 

- Uma curiosidade do bairro é que nele moram poucos amapaenses, a maioria são migrantes nordestinos. 

- Tem um centro comercial consolidado com feira, lojas,  agência bancária, correios, casa lotérica e um Centro Integrado de Operações em Segurança Pública (CIOSP). 

- As carências e dificuldades dos moradores referem-se à  segurança pública, condições das vias, transporte urbano, sistema educacional, abastecimento de água e saneamento básico.

    Fontes Consultadas:

    terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

    "Pétalas sobre Macapá" - Amiraldo Bezerra

    Macapá em festas!
    Muitas celebrações e homenagens para a singular capital amapaense, que dia 04 de fevereiro completou seus 254 anos.



    Como parte destas homenagens, o poeta-escritor AMIRALDO BEZERRA, lançou no dia 03/02 o livro de poemas "Pétalas sobre Macapá".  Singela e bonita obra de recordações e histórias nesta cidade. Nos versos do poeta, experiências vividas, citações à família e à personalidades conhecidas  e presentes em sua vida... lembranças felizes e saudosas, inspiradoras de cada um dos poemas, como um derramar de saudades ao que se vivenciou aqui.
    Palavras de gratidão...  recordações... família.... saudades.... Pétalas sobre Macapá!
    Amiraldo Pereira Bezerra é paraense, nascido nas ilhas do Pará que circundam Macapá, em 30/10/44. Filho de Raimundo Gomes Bezerra (seu Mundoca) e de Hilda Pereira Bezerra. Chegou a Macapá antes de completar um ano de idade, logo na instalação do Território do Amapá. Cursou o ensino fundamental no Barão de Rio branco e Escola Paroquial São José. Depois Escola Técnica de Comércio do Amapá. Há 37 anos reside em Fortaleza (CE), mas o amor por Macapá, mesmo à distância, persiste, sempre amando-a, reconhecendo e valorizando o seu progresso, fruto do trabalho árduo daquela gente que traz no sangue a força da determinação e da perseverança (Texto do livro).
    O evento foi na sexta-feira, véspera de aniversário da cidade, no espaço cultural Raízes do Amapá (Ceará da Cuíca). Ressalta-se que a obra teve seu primeiro momento de lançamento em Macapá por iniciativas do autor, residente em outro Estado. Prestigiaram amantes da leitura, familiares e amigos.
    ... Gregor Samsa não poderia deixar de prestigiar a literatura amapaense e conhecer o autor, que se mostrou de uma cordialidade muito grande.
    "As pétalas que Amiraldo joga sobre Macapá são de saudade, mas também de alegria pela farta colheita! A literatura mais uma vez cumpre o seu papel: reproduz com fidelidade a tessitura da vida plena..."        (Assis Almeida - Editor do livro)
     Queres ver umas das pétalas?
    Ah, Macapá que eu sempre quis! 

              Olha bem, nossa conversa é sigilosa,
              ninguém a nossa volta pode saber...
              Tens uma beleza visível, glamourosa,
              estás sempre desnuda para todo mundo ver.

              Eu traído com ciúmes e em meu amor por ti,
              fico sofrendo sem poder fazer quase nada.
              Quando dominada eras por por gente ruim,
              que te maltratava tornando-a mal amada...

              E tu, garota fagueira, cheia de vícios, enfim,
              não vinhas dando sorte com teus amantes,
              mesmo cheia de cicatrizes, ainda eras bonita,
              parece que acertaste na escolha doravante.

              Precisaste ensinar aos filhos teus uma melhor escolha,
              de quem deve doravante cuidar melhor de ti.
              Torçamos que tenham acertado e vamos cobrar
              mais respeito, mais amor para hoje e no porvir!

              Teus contornos mais belos já se manifestam
              e o teu rosto resplandece outra vez mais lindo.
              Tuas ruas, tuas praças o esplendor infesta,
              anunciando o que ainda pode estar vindo.

              Mais que amor e paixão, de ti temos orgulho,
              que a todos nos inunda o coração feliz,
              está cada vez mais linda, mais charmosa
              lugar do amor, na plenitude que eu sempre quis!

    (Amiraldo Bezerra)
    A primeira  obra de Amiraldo Bezerra,  foi "A Margem Esquerda do Amazonas, Macapá", lançada pela  Premius Editora.




    Mais uma boa publicação na literatura amapaense.
     Foram consultados para esta postagem:

    quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

    Revista Amapá News (Ano I - Edição 01 - 2001)

    Mais uma revista antiga do Amapá. Revista Amapá News (Ano I - Edição 01) Circulou em dezembro de 2001.

    Na edição encontramos também um texto sobre a questão do REJEITO DE MANGANÊS (assunto em discussão na época).

    O Trapiche Eliézer Levy (Parte 2)

    Uma reportagem de 2001 sobre o Trapiche Eliézer Levy. Um texto a somar um pouco mais no conhecimento da história do Amapá. Publicado na Revista Amapá News (Ano I - Edição 01 - Dezembro de 2001)
     TRAPICHE ELIÉZER LEVY
    PORTAL DO TEMPO, ANCORADOURO DE SONHOS.
    Por Júnior Nery
    O velho trapiche foi cúmplice de artistas e boêmios.
         Fonte de Inspiração de poetas, músicos, intelectuais e de gente comum, o trapiche Eliézer Levy sempre encantou macapaenses e turistas pela beleza de sua arquitetura e edificação grandiosa. Um marco histórico que abrigou durante gerações, jovens e adultos, que no passado iam até lá para fomentar idéias, elevar o espírito, contemplar o rio Amazonas ou até mesmo para amar. Pessoas que sentiram na pele o temor de viver sob o regime militar nas décadas de 60 e 70 e que em meio a boa conversa e garrafas de Rum, buscavam achar soluções, fazer críticas ao sistema, compor e se apaixonar. A ânsia pelo direito à liberdade que lhes eram tolhidas sobrepunha o autoritarismo, e o trapiche, condigno com as idéias revolucionárias, acolhia a todos sem distinção de credo.
         Velho amigo da população amapaense e cúmplice de muitos amores, o trapiche Eliézer Levy foi criado em 1936, pelo então governador do Amapá, que lhe emprestou o nome. Sua imponência em madeira de lei serviu durante muito tempo como principal porto de Macapá. Embarcações de portes variados atracavam ali trazendo pessoas, e com elas novidades, produtos e "moda". Devido a ação do tempo, o velho e forte trapiche foi se deteriorando, e sua restauração era uma das principais promessas políticas da época, mas nunca realizada.
         Com a transferência do porto para Santana, o trapiche ficou abandonado pelas autoridades. Foi então que o governador João Capibeiribe começou a restauração, utilizando-se dos mais avançados recursos da engenharia civil, e presenteando a cidade com um novo e fortalecido trapiche, no dia 27 de setembro de 1998.
    O novo trapiche é uma obra de arte e engenharia.
       A reforma durou um ano e quatro meses. A edificação foi composta por madeira de lei e concreto armado, e 372 metros de comprimento, de um sonho enfim realizado.
         O projeto foi batizado pelo saudoso jornalista Hélio Penafort de "Urbanístico-Sentimental", e dizia que: "O que se imaginava de uma obra pública como outra qualquer, de repente virou marca da cidade, referencial do Braço Norte e chamariz da população na hora em que se entregava ao lazer, as brincadeiras e as contemplações". O Eliézer Levy, após restaurado, ganhou de presente de alguns dos seus mais ilustres amigos, um livro: "Trapiche, Ancoradouro dos Sonhos", reunindo contos (alguns verídicos, outros fantásticos) de escritores que cresceram acostumados a presença do colossal monumento, que impiedosamente influenciaram em suas carreiras, enchendo-os de sonhos e garra.
         As histórias que cercam o trapiche são tomadas por fatos curiosos, alguns bem conhecidos. Talvez o mais comentado seja o da teimosia do governador Eliézer Levy quando quis realizar a construção. Ele queria, ou melhor, fez um trapiche que media 400 m, e a marinha argumentava que seria impossível construí-lo, por causa do rápido assoreamento do rio Amazonas e acúmulo de terra ou lama no leito no período de vazante - que impediria a atracagem de barcos na maré baixa. Mas, nada inibiu a insistência do governador, e hoje, o trapiche assume um grande valor histórico e cultural para Macapá.  
         Outros fatos inusitados cabem às particularidades dos assíduos frequentadores: Fernando Canto, no auge de sua adolescência, na tentativa de conquistar a garota mais bonita da cidade - segundo ele - passou um vexame daqueles. "Eu estava andando de bicicleta em frente ao trapiche, quando avistei aquela garota, de repente, notei que ela estava me olhando, e, quando menos esperava, passei com a bicicleta em cima de uma pedra, me desequilibrei e cai. Morri de vergonha! Essa menina nunca mais me deu bola", confessa.
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         Hoje, o trapiche é ponto de encontro de jovens que difundem suas ideologias, sonham e é onde buscam inspiração para celebrar nossa cultura. E possível considerar o Eliézer Levy como um portal do tempo. Que, apesar do longo período em que esteve interditado, nunca deixou de ser frequentado por aqueles que sonham por um futuro melhor, e, que sabem que para isso, trocar idéias é fundamental. E não há melhor lugar para refrescar a mente para que dela brote novas idéias que o velho trapichão.