As postagens desse blog são em caráter informal, de apego ao saber popular, com seu entusiasmo, exageros, ingenuidade, acertos e erros.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Chorinho para Lúcia (Lolito do Bandolim)

Foto: Jornal AQUI AMAPÁ
Laurindo Trindade, o Lolito do Bandolim, paraense nascido em Igarapé-Açu (1934), é um talentoso instrumentista e, certamente, referência para muitos artistas no Amapá e Pará. 
Quando menino em Serra do Navio morei ao lado de sua residência (na BC-8) e Seu Lolito era visto pela vizinhança como grande músico. Recordo também de um pequeno viveiro no quintal de sua casa, uma atração para a garotada, que tinha um aloprado macaco-prego e umas enigmáticas coambas (macacos conhecidos por outros como coatá ou macaco-aranha). Nunca tinha visto e isso despertou e firmou em mim um amor eterno pela natureza, quando então conheci esses animais curiosos e cativantes. Por essas e outras deixo aqui uma singela homenagem.
A música "Chorinho para Lúcia" faz parte do CD "Amapá Instrumental" produzido pela AMCAP (Associação de Músicos e Compositores do Amapá). É uma composição de Lolito.

  "Chorinho para Lúcia"
Lolito do Bandolim 

Pandeiro: Giulian  /  Atabaque: Lindomar
Cavaco: Pinóquio  /  Violão: Leonardo Boca Trindade  /  Bandolim: Lolito Trindade


Veja uma pequena biografia de Lolito do Bandolim em:

quinta-feira, 7 de março de 2013

MUNICÍPIOS DO AMAPÁ - Bandeiras (Parte 2)

Quatro bandeiras municipais do Amapá. Estou tentando reunir dos 16 municípios, com estas já somei nove.

 Bandeira de Itaubal.
Bandeira de Calçoene.
 Bandeira de Mazagão.
Bandeira de Porto Grande.

  
Veja também:
MUNICÍPIOS DO AMAPÁ - Bandeiras (Parte 4)  

sexta-feira, 1 de março de 2013

Lembranças de casa (Histórias da Vó Nikita)

Era uma vez um paraense que constituiu uma família de cinco filhos: Sebastião (Guitão), Apolinário (Puluca), Cezarina, Nelson e Elísia (Lili), filhos de Maria Pena Castelo. O homem vivia em terras ribeirinhas, como seus irmãos Pedro e Judite, junto a amazônidas espalhados na região de um grande rio, o Jacaré Grande, vizinho do Rio Jacarezinho, vizinho do Rio Mututi, na região de Breves. 
Baía do Rio Jacaré Grande - Pará / Foto: Marcel Lima
Gira o mundo trazendo consigo suas portas do destino, diferente e abrangente a cada um de seus filhos. Ouvi falar que foram seringueiros e outros enveredaram pelo ramo do comércio, houve um renomado mestre-de-obras e outro seguiu os passos do pai como tabelião. Seja o que for, construindo uma história com o sobrenome daquele homem, o velho César Castelo
Arquipélago do Marajó - Foz do Amazonas (Foto: Wikipédia)
O tempo é mesmo uma ave de vôo rápido e, das histórias vividas no mundo retalhado pelas águas no arquipélago marajoara, três dos irmãos agora são moradores de uma jovem capital, Macapá. Lugar de sonhos renovados em oportunidades anunciadas desde 1943 com a criação territorial. Migraram para estas terras, como tantos outros, assumindo a identidade amapaense na década dos anos dourados. Os dados atuais mostram ainda essa realidade, grande parte da população amapaense é oriunda da região de ilhas paraenses.
Macapá, capital do jovem Território Federal do Amapá (Foto: AMAPATEC)
Ana e Apolinário (1969)
O homem teve outros filhos e destes, talvez com algum equívoco, sei citar os nomes da César, Ézio, Manduca e Zé Maria, havendo outros que não conheço e dos quais nada sei de histórias, a não ser de seu filho Apolinário, para sempre em minhas lembranças como o Puluca. Tal qual seu pai, também patriarca de muitos em uma família construída com a ribeirinha dos olhos claros, Ana Ferreira Castelo. Meus avós.


 Casamento civil de Apolinário e Ana (casal no centro) em Macapá, 1960.
A consolidação de um relacionamento desde os interiores de Breves.
O cidadão de costas, à direita era conhecido na história do bairro do Trem como "Barrigudo", dono de um bar (o "Estrela Dalva") que nos anos 50 e 60 promovia batalhas de confete no carnaval (isso é relembrado sempre na história do carnaval amapaense). Meu avô trabalhou no local e o Barrigudo foi testemunha em seu casamento civil.
Os casamentos religiosos nos confins ribeirinhos se davam quando algum padre visitava as comunidades anualmente em um batelão. Assim foi o de meus avós quando moravam às margens do Rio Jacarezinho (Breves - Pará).
  
Vila de Riberinhos (Obra de JERIEL SOUZA / 2009)
Em Macapá se estabeleceram em busca de realizações e oportunidades aos filhos, como a escola, acesso aos serviços de saúde e emprego, morando no Bairro do Laguinho (anos 50) na época fiel ao nome com áreas alagadas, onde a malária acometeu vários moradores. 

Bairro do Laguinho na década de 1960 (Foto: Acervo Biblioteca SEMA)
Das agruras fizeram-se fortes até firmarem-se em uma parte da cidade que estava sendo loteada e distribuída pela prefeitura (ainda nos anos 50). 


De lá viam-se campos ermos (veja na parte superior à esquerda na foto de Macapá no início da postagem), com um córrego e lagos, onde os buritizais se estendiam a perder de vista. Diziam que logo seria um grande bairro, restando hoje daquela mata  apenas o nome do maior dos bairros de Macapá, o Buritizal. O córrego e lagos já não existem, foram comprimidos no atual Canal do Beirol.


Meus avós e outros que conseguiram lotes vislumbraram melhores condições com a construção anunciada de uma escola, hospital e uma grande garagem da prefeitura nas adjacências de onde foram morar. Era o Bairro do Trem, reduto final dos irmãos Apolinário e Nelson Castelo. Nessa época os limites do Trem não se estendiam muito além da Praça da Conceição e já existiam as Escolas Alexandre Vaz Tavares e Castelo Branco. O loteamento expandiu o bairro e, durante muitos anos, até os anos 80, um lago ainda existia no que é hoje o Canal do Beirol, com muita gente residindo nesta área de ressaca.

Aí estão o PS Osvaldo Cruz, a Escola Coaracy Nunes (no Bairro Central próximos ao Bairro do Trem) e a garagem da prefeitura na Hamilton Silva (Trem). Pontos descritos no texto que entusiasmaram novos moradores do Trem nos idos iniciais de sua urbanização. Fotos de 2013.

A geração de Ana e Apolinário Castelo

Ana (centro) e seus filhos, respectivamente: Augusto (Teco), os gêmeos César e Bené, Zé Maria (na janela), Antonio (bebê), Maria José (Dedeca) e Alzira. Foto de 1963, já estabelecidos no Bairro do Trem. 
Outros filhos foram Maria Helena (ao lado de Ana, 1958?, em foto rara e única da família, o sarampo a levou aos 8 anos em 1960, realidade de uma Macapá de outrora.), Marcelo (com Ana, em 1970?) e Valdiney Castelo (em 1981).

Assim cresceu esta cidade, com muitos paraenses buscando por melhores dias. Dois fatores decisivos contribuíram para o aumento migratório: a criação do território federal nas terras que antes pertenciam ao Pará e a instalação da ICOMI (Indústria e Comércio de Mineração). 
Macapá, como jovem capital, passou a receber investimentos e melhorias básicas em sua infra-estrutura: escola, hospitais, abertura de ruas, delineamento dos bairros, etc. Tudo muito propício à migração também. 
A população macapaense na década de 1960, de acordo com o Anuário Estatístico do Amapá, era de 36.214 habitantes, e a atual está próxima dos 400 mil habitantes (IBGE 2010). Como nos tempos de meus avós, continua uma intensa migração, mas as oportunidades já não são como há tempos atrás e a ocupação e desaparecimento das verdejantes áreas de ressaca foram consequências imediatas com o inchaço populacional (como os lagos citados sobre o Buritizal), sem falar em outros graves problemas sociais.
  
Apolinário, em pé, quando trabalhador em um estabelecimento em Macapá na década de 60. 
Puluca, meu avô, uma das mais carismáticas pessoas que conheci, deixou seu nome para ser honrado através de seus dez filhos, iniciando-se esta geração com a "graça e beleza" (esse é o significado do nome na etmologia e abençoada vivência) de Alzira Castelo, professora em todos estes fatos contados, junto com minha avó Ana
 A geração de Alzira Castelo
Alzira (Década de 60)
Mulher batalhadora e admirada pelos familiares e amigos, Alzira Castelo é a primogênita de meus avós. Nascida em 1948 nas terras ribeirinhas de Breves, especificamente em um lugar conhecido como Arrozal, é uma das colunas mais bonitas desta família, com uma história de belos exemplos e vitórias contra adversidades, desde quando menina ribeirinha nos interiores brevenses. Uma auxiliadora fundamental de Ana. Pode ser chamada de mulher virtuosa, eu a chamo de mãe.

No ano de 1951 o estudo geológico e conclusivo da ICOMI confirmou a existência de quantidade superior a 10 milhões de toneladas de minério na região de Serra do Navio. Diagnóstico necessário para o início da construção das instalações industriais (embarcadouro e ferrovia) em 1954. 
Os projetos de urbanização e construção das vilas residenciais (Serra do Navio e Vila Amazonas) começaram em 1955. As obras concluiram-se em prazo inferior ao estipulado (previsto para quatro anos) e em 1957 começou o embarque de minérios no Porto de Santana. Tudo isso ressoou como uma oportunidade de emprego e melhores condições de vida para muitos trabalhadores. A ICOMI e suas vilas apresentavam um padrão e qualidade de vida acima do que era comum na Amazônia (educação, saúde, lazer, moradia, segurança, etc), despertando sonhos e incentivando ainda mais a migração para o Amapá. 

Porto de Santana e o embarque de minério (Biblioteca IBGE), Ferrovia Santana-Serra do Navio (Livro Mineração no Brasil/Léo Christiano Editorial) e Vila de Serra do Navio (Livro Vila Serra do Navio/Benjamin Ribeiro).
Alzira Castelo construiu sua história nesse sonho, residindo em Serra do Navio entre os anos de 1970 a 1982, casada com Osvaldo Nascimento (1969). Na Vila Amazonas teve os filhos Inara e Rogério, e em Serra do Navio os filhos Rogerson e Imara. Outros tempos de uma cidadania respeitada. Se meu Amapá primasse sempre por isso...
Alzira e filhos (1974).
Osvaldo e filhos (1975)
Ana (centro), Alzira e seus filhos (1985).
Ah se pudesse conhecer mais histórias! Nosso univeso costuma girar só em torno dos mais próximos que temos... Há coisas para sempre perdidas, ou que são capazes de unir pontos desconhecidos, e talvez tão próximos, de irmãos que vem se espalhando a gerações: minha Família Castelo.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

"Todos chamados à INCLUSÃO" (HQ dos Cabuçus)

Ô beleza! Ulha só a revistinha que desentoquei!
É mais uma dos Cabuçus, os matutos mais legais da Amazônia! 
Te mééééte com os piqueno!!! 
A revista tá muito pai-d'égua para saber sobre um assunto que é direito de todo mundo: a Inclusão Social
Isso mesmo meu povo! As oportunidades devem ser dadas a todos, indistintamente, e é o que a historinha tá mostrando. 
Essa revista é de 2007 e foi feita pelo Governo Estadual, junto com a Diocese de Macapá, para ser distribuída nas escolas e ser usada pelos professores. Ah... O desenhista é o Honorato Jr, que faz as coisas no maior caquiado. 
Tem para ler na Biblioteca Pública Elcy Lacerda e também aqui. 
Bora se informar, afinar: "O conhecimento partilhado em igualdade de condições, com todos, deve ser a motivação de nossa existência" (inda sabe quem disse isso, é anônimo).

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Os Cabuçus contra a Dengue (Animação)

Em época de chuvas aumentam os riscos de proliferação do mosquito da dengue (Aedes aegypti), por isso é necessário estar atento aos cuidados para prevenir a doença. É o que a dupla dinâmica da Amazônia e do humor amapaense Vardico e Lurdico, ou simplesmente Os Cabuçus, nos lembram nessa animação. 

 O desenho é educativo, tem um minuto e meio e foi postado no canal youtube de Rafael Decaro

Ei mano, vumbora chamar os vizinho e fazê um grande mutirão.

Veja também:

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

2012 DA14 e o SKYLAB: Uma pequena história em Serra do Navio

Ilustração: blog.cienctec.com.br
No dia 15/02 um inusitado acontecimento ocorrerá nas proximidades da Terra. É que um pequeno asteroide passará perto de nossa órbita - felizmente e pelos estudos da NASA, sem grande risco de colisão.  O viajante cósmico tem nome, 2012 DA14,  foi descoberto ano passado por um grupo de astrônomos amadores da Espanha e desde então vem sendo monitorado pelas agências espaciais. Seu tamanho foi calculado em 46 metros de diâmetro e sua velocidade média é de 13 quilômetros por segundo - o suficiente para, em um hipotético impacto, causar uma destruição equivalente a 2,4 milhões de toneladas de dinamite. A proximidade com que passará é considerada de raspão, pois será menor que a distância da terra para a lua.
Quanta informação! Ah se não fora por isso... Na era da globalização, as notícias percorrem o mundo em pouco tempo e as especulações já não se formam às cegas. 

SKYLAB (Foto: astronomiaamadora.net)
Toda essa situação me fez lembrar de outro acontecimento quando morava em Serra do Navio, no final dos anos setenta. A cidade era considerada a mais organizada no Amapá e me arrisco a dizer de toda a Amazônia, pois tudo ali primava pela qualidade. O que não era privilégio era o acesso às informações como temos hoje, em que qualquer pessoa com um celular conectado pode viajar pelos quatro cantos do mundo. Naquele tempo quem chegava do trem era portador de notícias ou de cartas de parentes e amigos. As informações podiam também ser vistas na banca de revistas do Seu Donaldo, localizada atrás do Manganês Clube, e ainda pelo rádio ou pela televisão, mas com uma peculiaridade própria. Televisão, só no Clube... A exibição começava no final da tarde e a garotada aguardava com expectativa para assistir o famoso Sítio do Pica-Pau-Amarelo. Eu não perdia por nada e aos domingos depois da missa gostava também de assistir Os Trapalhões e o Fantástico, que era o principal programa da televisão brasileira, pois ninguém gostava de perder. Foi nessa rotina que em um domingo vi a notícia sobre a queda de um satélite. Há mais de 30 anos o Fantástico noticiou sobre um tal SKYLAB.
  
Mapa: Google Earth
Meus amigos, as notícias pareciam sempre com um tom trágico e sensacionalista, com mais conjecturas que informações precisas e os telejornais só acirravam isso. Nunca tinha ouvido falar sobre este satélite e o que ficou evidente para todos é que poderia cair repentinamente em qualquer lugar, quem sabe perto de casa ou sobre nossas cabeças. A boataria correu solta na Serra falando-se disso em todo lugar. Na escola, entre os vizinhos e nas rodas de conversa, seja no Manganês ou na lanchonete da Dona Didi, era fato certo a queda e nossa cidade estava na mira do fulano. 
Morava na BC-8 e ainda lembro de alguns vizinhos. Tinha o Carlos, o Lolito (o mesmo que é uma sumidade hoje na música amapaense com seu bandolim), o Ceará Cachorro, o Flecha, o Pedro (que era também pipoqueiro na cidade), o Floriano e o Farripa (nao esqueço da mobilete em que sempre o via passar e, principalmente, de suas belas filhas: amores platônicos). Outros vizinhos eram uns estagiários que sempre se instalavam na casa em frente à minha, o maquinista do trem (não recordo o nome), o Careca, o Fubica e o Jaburu, que moravam nos fundos de casa, na BC-9. O último citado, anos depois se tornou prefeito em Pedra Branca. Ah... meu pai era conhecido pelo simpático apelido de Cara-de-macaco. Eram meus vizinhos, só não tenho certeza se todos estavam na ocasião. Mas a maioria sim.
Se já não bastasse o medo do SKYLAB, terror nos meus pensamentos, em uma bela noite na rua de casa presenciamos um estranho acontecimento.

Eu e meu irmão nos tempos
de meninos na Serra do Navio (1979)
As famílias costumavam se recolher cedo e às nove ou dez horas as ruas estavam desertas, só ficava o pessoal lá do clube em suas competições de sinuca e baralho para voltar a seus lares ou alojamentos. Antes de se recolher a garotada costumava transformar as ruas em reino de brincadeiras. Ficávamos sentados na calçada jogando conversa fora ou inventávamos variadas brincadeiras, com a participação indistinta de meninos e meninas. Era bola, queimada, boca do forno, bole-bole, pula corda, pira-pega, pira-esconde, pira-alta, pira-ajuda, pira-árvore, macaca e sei lá mais o quê. Só não costumava ter nos dias em que havia o clube da leitura, quando a gente ia para a escola emprestar uns livrinhos. Numa destas, por volta das dezenove horas, vimos algo extraordinário. Detrás da montanha surgiram dois grandes círculos no céu. Vieram se movimentando calmamente com uma luminescência amarela, branca e até de um pálido verde, um dentro do outro, e todo mundo saiu de suas casas para ver. Ficamos admirando quando então veio a lembrança do SKYLAB. Um de meus vizinhos, a quem preservo o nome, se ajoelhou e com as mãos estendidas começou a clamar e dizer que o mundo ia acabar. Por um momento deu uma preocupação geral, pois os círculos pareceram crescer. Valha-me Deus! Seria o satélite vindo a nosso encontro? Nosso vizinho foi acalmado pela esposa e o medo foi se dissipando vendo-se a lentidão com que as rodas se moviam, afinal, se fosse algo caindo não ia ser naquela marcha lenta, sei como é isso, nessa época já conhecia a história do mundo dos dinossauros e seu fim. Ninguém se retirou até que sumissem e os círculos se movimentaram na direção de um viveiro de plantas localizado atrás da escola. Com certeza não tinha um corajoso ali para investigar o local naquela hora.

Ilustração baseada nas lembranças daquela noite em Serra do Navio.

No outro dia a conversa rolou solta e ninguém sabia o que foi aquela aparição. Só muito tempos depois que vislumbrei a possibilidade de se relacionarem às explosões que ocorriam na mina, que eram impressionantes e ressoavam em toda a vila. Mesmo assim, não sei ainda de que maneira se formaram aquelas luzes.
Essa foi uma noite inesquecível, onde presenciei por um momento: uma funesta chegada do apocalipse com a queda do SKYLAB, depois um fenômeno inexplicável no universo em que vivia, com aquelas enigmáticas luzes, e, como muitos preferiram acreditar (e é assim até hoje), a passagem de um disco voador sobre Serra do Navio.
Em 11/07/1979 o SKYLAB caiu mesmo, mas no mar, pondo fim aos pesadelos de muita gente. Foi o fim da antiga base espacial americana.
Dia 15/02/2013 um asteróide vai passar do nosso lado. Nada assustador hoje, quando se tem informações mais concretas e facilitadas sobre sua representatividade. Já naquela minha vila, quase 34 anos atrás...

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Macapá e seus 255 anos.

Nos 255 anos de Macapá as principais notícias veiculadas nas emissoras locais no dia 04/02/2012 estão aqui relatadas (mania de arquivista). É um material interessante que deve ser difundido para pesquisas.

A TV Record AP exibiu uma reportagem (com Alinne Amanajás) com os seguintes pontos:

 
 Fortaleza de São José de Macapá (Revista Habitat 13 / Dezembro-1953) 

A história de Macapá está relacionada à defesa e fortificação das fronteiras do Brasil, assegurando a soberania de Portugal nas terras conquistadas.
Detalhe de pintura de teto no Palácio Marquês de Pombal em Oeiras (Portugal)

Foi em 1751 que Francisco Xavier de Mendonça Furtado, Governador das Províncias do Maranhão e Grão-Pará, a quem perteciam a região, começou a povoá-la e o crescimento rapidamente progrediu. Em 02/02/1758 Mendonça Furtado instala os Poderes Legislativo e Judiciário da vila. Já no dia 04/02, na presença do povo tucujuense, ela foi transformada em Vila de São José de Macapá.

 Fundação de Macapá (Ilustração do livro "História do Amapá")

Fonte: casadosacores-rs.org.br
"Os nossos primeiros colonizadores foram habitantes das Ilhas dos Açores e a maioria, 80 a 90%, faleceu devido a insalubridade do local e às doenças tropicais como malária e cólera. Os construtores da Fortaleza construíram as suas casas circunvizinhas ao forte e a cidade começou a nascer assim, de início desordenada e depois com uma ordenação a partir do primeiro governo territorial." (Edgar Rodrigues - Historiador)


Em busca de melhores condições de vida muitas pessoas vieram morar em Macapá, principalmente por causa da extração do ouro, e tiveram a oportunidade de acompanhar o desenvolvimento do local.
A partir da fundação da Vila de São José de Macapá foram surgindo algumas edificações, até hoje preservadas, que constituem o patrimônio cultural. Vamos conhecer algumas.
A primeira é a Igreja de São José, que representa um marco histórico, ela começou a ser construída em 1752. 
 
  Fotos históricas da Igreja de São José de Macapá 
publicadas no "Album do Estado do Pará - 1908"

Nas parede internas vemos pinturas que representam passagens bíblicas e o padroeiro São José.

Outra edificação é a Fortaleza de São José de Macapá, construída para garantir o domínio sobre as terras conquistadas no Tratado de Madri, em 1750, entre Portugal e Espanha, erguida estrategicamente na foz pela margem esquerda do rio Amazonas para impedir invasões e defender os moradores caso sofressem ameaças. 

 O forte pelo olhar de artistas.
 
Apesar de nunca ter sido utilizada para batalhas, 
hoje é uma das sete maravilhas do país.

Macapá é mais interessante com o Monumento do Marco Zero do Equador e é a única capital do país cortada pela linha imaginária do equador. Parte da cidade está no hemisfério norte e a outra no sul. 
 Ilustração de Mário Baratta.
No obelisco é também possível acompanhar o fenômeno do equinócio em que o dia e a noite tem a mesma duração em todo o planeta.
 Foto: Rogério Castelo
 A linha também divide o Estádio do Zerão.

O Amapá virou território em 13/09/1943 e transformou-se em capital do estado. Foi no primeiro governo territorial de Janary Nunes que a cidade começou a ser planejada, com ajuda da mão-de-obra de pessoas vindas de outros estados, principalmente de Belém do Pará.
Em 255 anos Macapá já evoluiu bastante. As ruas desertas, sem asfalto e cobertas de mato deram espaço para grandes construções, contribuindo para o crescimento econômico e populacional.

 
 Evolução de Macapá registrada em fotografias.
Infelizmente não soube identificar os autores das fotos, a não ser a referência de serem encontradas na Biblioteca da Prefeitura de Macapá.

Hoje a cidade possui mais de 415 mil habitantes, de acordo com dados do IBGE, e muitos brasileiros acabam escolhendo o local para viver. Até hoje a principal atividade da região são os setores do comércio e serviços. Os dois segmentos mudaram o cenário da cidade morena tornando-se os principais meios de sustentabilidade da população. Para se ter uma idéia dos mais de 8 bilhões de reais da soma de todas as riquezas geradas no estado durante o ano (o PIB) 5 milhões são somente para Macapá.

"O PIB do Amapá é aproximadamente 8,2 bilhões de reais. Só em Macapá você tem 5 bilhões de reais. Hoje a principal carência é a infra-estrutura urbana, a cidade não tem ruas boas, os postos de saúde estão abaixo do que a população espera, o saneamento básico é ruim, há poluição ambiental nos canais, áreas de ressacas ocupadas desordenadamente e tudo isso demanda recursos, fundamentais para Macapá hoje atrair empresas, investimentos e proporcionar condições de crescimento, trazendo melhores condições de vida para quem mora na cidade."   (Antônio Teles – Economista)

Mesmo ainda com falta de infra-estrutura Macapá, com florestas preservadas e o espetacular Rio Amazonas, ainda é uma cidade que serve de refúgio para muitas pessoas por causa da vida levada ao ritmos dos rios, das matas e dos tambores de marabaixo, além das belezas naturais e tradições culturais únicas.

A TV Amazônia (SBT-AP) exibiu uma série de reportagens sobre os 255 anos de Macapá. No dia 04/02 o vídeo exibido foi sobre o Museu Sacaca, que foi reinaugurado no aniversário da cidade em 2012 e reproduz um pouco do modo de viver do amazônida, destacando também as possibilidades econômicas e potencialidades da floresta. Macapá é assim, com um povo com suas particularidades e, mesmo com as muitas dificuldades existentes, apresenta potencialidades que precisam ser descobertas, bem administradas ou conservadas. Tal qual uma floresta não ser só mato, a cidade também não se resume a um caos crescente (não com empenho e administração realmente voltada ao desenvolvimento e interesse comum da população. Utopia?) Tu sabias, por exemplo, que Macapá está entre as 5 cidades mais populosas do Norte. Ah se estivesse entre as mais desenvolvidas... ou fora das listas mais decadentes (acidentes de trânsito, violência, etc e tal).

Os principais pontos apresentados na reportagem do SBT foram:
Este é o cenário da majestosa mãe natureza, inspiradora dos poetas, mestra dos sábios, dos conhecedores dos cantos, encantos e segredos dessa imensidão, dos homens que fazem experiências reveladoras pondo em prática uma missão: a cura através das plantas medicinais.

Imagens do Rio Amazonas: 
1) Em frente à Fortaleza, o cartão postal de Macapá (Foto: Luiz Carlos Maia Cardoso)
2) Em frente ao Aturiá, o crescimento desordenado de Macapá (Foto: Antonio Leal Jr)
  1) Na frente da cidade, a estátua de São José... inspirações diversas (Foto: Hiltrudes P. Silva)
2) Na frente da cidade, a poluição... descasos diversos (Foto: Arquivo Biblioteca SEMA-AP)
 
Foto: Acervo Museu Sacaca
Foi assim que durante muitos anos o sábio e curandeiro Raimundo dos Santos Souza, o saudoso Sacaca, dedicou parte da vida cuidando daqueles que muitas vezes deixavam de acreditar na medicina científica. O senhor das florestas, como também era conhecido, não poderia deixar de fazer parte da história de Macapá. O Museu Sacaca foi recentemente inaugurado. São 12 mil m² em um espaço a céu aberto construído a quinze anos para retratar a nossa cultura, arte, beleza e nosso povo. Ideal para quem quer promover as suas pesquisas e quer ver a nossa fauna , flora, o modo de viver das pessoas que habitam esta terra, como também a divulgação das pesquisas realizadas pelo IEPA, através de exposições e atividades didáticas. Tudo restaurado e devolvido aos olhos exigentes da comunidade.

Foto: Acervo Museu Sacaca
Na reabertura do Museu Sacaca (em 2012) admiração pelo que veio de novidade: espaços como vitrine de negócios, maloca multiuso, praça das etnias, espaço para exposição temporária, praça do pequeno empreendedor, quiosques com comidas regionais e o Regatão N. Sra dos Milagres, um barco de exposições que mostra como era feito o comércio nos rios da Amazônia. A embarcacação suporta até 20 pessoas e navega por um canal de cerca de 80 metros. 

Se o momento é de parabéns, que dizer para esta cidade que ultrapassa dois séculos e meio de existência... Te desejo tudo de bom Macapá e que teu endereço fácil ("...na esquina do rio mais belo, com a linha do equador...", trecho de uma canção de Zé Miguel) sirva de reflexão para os que ainda virão e que te tranforme em uma verdadeira metrópole, a futura jóia da Amazônia.

Na TV-AP os pontos mostrados, na reportagem de Jailson Santos, foram:
362,5 % é a taxa de crescimento da população macapaense nos últimos 40 anos.
"O número passou de 80  mil para cerca de 400 mil, um dos maiores crescimentos entre as cidades brasileiras nos últimos anos. Houve um fluxo muito grande da população para cá e uma coisa muito latente é o fluxo de paraenses." (Haroldo Canto - Chefe Regional do IBGE)
Macapá é a 53ª cidade mais populosa do país e das maiores na Região Norte. A cidade cresce, atrai novos investimentos e cada vez mais pessoas.
Município de Macapá (SEMA - 2006). Pode ser encontrado em alta resolução na Biblioteca SEMA.
Há 40 anos 60 % da população se concentrava na área urbana, hoje são mais de 95 %. O macapaense deixou a área rural para morar na cidade, que atrai também pessoas de outros estados. É do estado do Pará que vem a maioria dos migrantes. Saõ mais de 95 mil paraenses (95.073), seguidos de maranhenses (12.131) e de cearenses (3.576), pessoas quem vem em busca de dias melhores e são acolhidos como filhos daqui.
Macapá é uma cidade bonita e acolhedora que completa 255 anos, mas a paisagem urbana de quem já foi um povoado não entrega a idade.
Macapá e Santana (Google Earth). As principais cidades do Amapá.
Em 04/02/1758 o governador do Grão-Pará e Maranhão, Mendonça Furtado, elevou o então povoado à Vila de São José de Macapá e hoje a Fortaleza de São José, o antigo prédio da Intendência e a Igreja de São José são as principais referências desse período da história. Edificações que precisam ser preservadas.
Antiga Intendência de Macapá. Hoje, Museu Joaquim Caetano.
Arte de Diniz Botelho em dinizbotelho.blogspot.com.br
Nascer do sol na Fortaleza de São José de Macapá (2002).
Arte de Jeriel Souza em minhaartejeriel.blogspot.com.br
O Rio Amazonas em frente à Fortaleza de São José de Macapá.
Arte de Nelson Baltazar.
"A valorização das edificações são importantes porque são a ligação da nossa identidade com o passado e através dessa paisagem edificada que vinculamos o exercício da memória de períodos anteriores das quais a cidade foi se materializando. Cada prédio tem uma história e a partir da preservação as gerações futuras também vão dando importância para saber como a cidade deve caminhar para o futuro. Para se valorizar o passado é preciso entender que o futuro se faz no presente e a cidade tem um potencial muito grande. Temos a tendência de falar dos problemas, mas Macapá tem três aspectos importantes: é uma das poucas cidades cortada pela linha do equador, tem o Rio Amazonas e a Fortaleza. Esses três atrativos são significativos, mas não estamos oportunizando esse elo. Na minha avaliação, com as pesquisas desenvolvidas nos últimos 10 anos, a cidade está "de costas para o rio". Valorizar é uma responsabilidade dos gestores e de toda a sociedade civil, que devem plasmar o fato de que o primeiro princípio do desenvolvimento da sociedade começa pelo cuidado que seus usuários devem ter para preservá-la." (José Alberto Tostes - arquiteto e urbanista)
A cidade é acolhedora também com os turistas. Com o crescimento e a chegada de novas empresas, 07 de cada 10 turistas visitam a cidade no chamado Turismo de Negócios.
"Temos um percentual bem maior no turismo de negócio porque essas pessoas quem vem aqui fazer negócios, acabam fazendo esses turismo esporádico de lazer e de conhecimento da cidade. Temos um potencial que pode ser explorado, mas é preciso investir em divulgação." (Elenildo Marques - presidente da ABAV)  
Igreja de São José em 04/02/2012 (Foto: R. Castelo)
Pintura de Wagner Ribeiro - wagnerartes.blogspot.com
As agências acreditam no potencial de Macapá para atrair também turistas a passeios. Investir em divulgação lá fora e em infra-estrutura é preciso, só que os investimentos ainda não conseguem acompanhar o desenvolvimento da cidade. O inchaço populacional e crescimento desordenado causam estragulamento dos serviços básicos. São problemas na educação, saúde, segurança, transporte e saneamento. 
Mesmo enfrentando dificuldades, para muitos, a cidade de Macapá é próspera e de oportunidades.

Essas foram reportagens exibidas em emissoras locais 
em 04/02/2013, aniversário de 255 anos de Macapá.