As postagens desse blog são em caráter informal, de apego ao saber popular, com seu entusiasmo, exageros, ingenuidade, acertos e erros.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Duas obras sobre Cabralzinho na Literatura Amapaense

Quinze de maio está marcado na história do Amapá. A data relembra o fatídico episódio de 1895 na Vila de Espírito Santo do Amapá, quando soldados franceses, de forma cruel e arbitrária, massacraram e incendiaram o povoado, resultando na morte de 38 pessoas.  O fato foi desencadeado pelo embate entre Cabralzinho e o capitão Lunier, que resultou na morte do segundo e na maior chacina ocorrida nestas terras. Fatos tristes e determinantes para a questão do Contestado Franco-Brasileiro, com parecer favorável ao Brasil em 1900. Ensejo para a sugestão de duas obras encontradas nas principais bibliotecas em Macapá, além de links adicionais para uma leitura mais esclarecedora sobre essa história.

"Cabralzinho - A construção do mito de um herói inventado na sociedade amapaense" (Diovani Silva e Jonathan Viana, 2012)

Título: Cabralzinho - A construção do mito de um herói inventado na sociedade amapaense 
Autores: Jonathan Viana / Diovani Silva
Editora: Schoba
Páginas: 244
Ano: 2012
Temas: História do Amapá / Francisco Xavier da Veiga Cabral
ISBN: 978-85-8013-161-1 

O livro faz uma análise da figura histórica de Cabralzinho e dos motivos que o definiram como herói no Amapá. Vemos um paralelo entre suas ações, a significância atribuída pelos interesses republicanos e a representatividade que tem atualmente no Amapá. 
Está organizado em três partes:
A primeira faz a contextualização histórica da área de disputa entre Brasil e França (O Contestado). Litígio secular que culminou no fatídico combate de 15/05/1895 na Vila de Espírito Santo do Amapá. A região apresentava riquezas, era alvo de aventureiros e tinha intervenções dos dois países para sua anexação, apesar de acordos internacionais para manter a neutralidade. Os eventos ocorridos na data foram decisivos para a resolução do impasse, onde as ações de Cabral o tornaram mito e foram ideologicamente favoráveis ao ganho de causa pelo Brasil através do Laudo de Berna (1900).
Na segunda parte os autores discutem o heroísmo de Cabral e os interesses da nação. Historicamente ele era monarquista e foi elevado a herói republicano. No conflito em que foi mitificado por matar o capitão Lunier (militar francês que veio ao Amapá com um pelotão para prende-lo com álibi de ter detido um brasileiro que era submisso aos franceses, o Trajano) fugiu para o mato, deixando a população onde foi eleito líder à mercê dos franceses. Isso resultou em uma chacina (vingança francesa) que vitimou mulheres, crianças e velhos, com cerca de 40 mortes e várias casas incendiadas. Uma arbitrariedade e ilegalidade em relação a diplomacia. 
Francisco Xavier da Veiga Cabral
Pode até ter sido estratégia de guerra e de sobrevivência a retirada de Cabral, mas por conta disso muitos morreram e outros lutaram a seu favor, sem reconhecimento na história. Esse é o ponto questionado de suas ações na obra, que foram mitificadas pela República em heroísmo exemplar e sugestionando a soberania da região para o Brasil. A França usou o fato para querer ser mais ostensiva na região e o Brasil apresentou laudos da presença mais intensa e desejosa de soberania brasileira, onde Cabral era o herói e representante maior dessa população em suas aspirações.
Na terceira parte vemos a representatividade de Cabral atualmente. Dada a sua importância, historicamente é pouco reconhecido ou celebrado no estado onde figura como herói, aparecendo no imaginário popular, às vezes, como piada pela fuga para o mato e manobras políticas.


(Francisco Rodrigues Pinto, 1998)

Título: Cabralzinho - O Herói do Amapá
Autor: Francisco Rodrigues Pinto
Editora: Edição do autor
Páginas: 65
Ano: 1998
Temas: Cordel / História do Amapá / Francisco Xavier da Veiga Cabral

A obra é interessante com a história na linguagem do cordel. Vemos informações de cunho popular baseadas em relatos de moradores, fruto da pesquisa do autor.
O Cabralzinho figura como um herói celebrado em versos até engraçados. Imagina o cidadão chamando o capitão Lunier de "cara de coatá" (e coisas do tipo) e escapando com bravura de uma saraivada de balas, por mais de uma vez, evocando justiça em Deus, como é comum no heroísmo popular. Isso e outras coisas são mostradas. O Trajano (álibi da invasão francesa), por exemplo, ao ser recolhido pelos franceses está todo defecado de medo, e os soldados aparecem apavorados diante da bravura dos amapaenses. Evidentemente, são exageros e gracejos pertinentes à Literatura de Cordel, cheia de liberdades poéticas ousadas e sagazes.
Mas não pense que o cordel é só sarcasmo. A parte da chacina é apresentada até com os supostos nomes das vítimas, em uma visão aterradora de como aconteceu. Dramaticamente impressionante! D
atas e motivações aparecem com alguma precisão. A parte que Cabralzinho correu para o mato, deixando a população sujeita aos invasores, sempre questiona seu heroísmo, pois sobreviveu, também, a custo da morte e empenho de muitos.
Ilustração do Cordel
O autor é um apaixonado pela terra e a exalta também em sua beleza natural, lendas e locais históricos. A obra é ilustrada com imagens da localidade. As pretensões franco-brasileiras também são evidenciadas, como a República Cunani (estabelecida em Calçoene para atender os interesses franceses) e o Triunvirato (onde Cabralzinho era um dos líderes e favorável à soberania brasileira). 
Gostei da obra, que tem visão popular de valorização histórica e da terra. 
Vale uma conferida!

"Inspira-me, Senhor
Nesta hora em poesia
Abre a minha memória
Com a tua sabedoria
Vós sois o meu mestre
Toda hora e todo dia
Meu Jesus de Nazaré
Creio em vós com muita fé
Na tristeza e na alegria.

Leitor eu vou escrever
Uma história real
A bravura de um herói
No Território Nacional 
Você agora vai saber
Quem foi Francisco Xavier
Chamado Veiga Cabral..."

E aí! Estudando sobre o Cabral ou querendo saber algo mais? Essas obras vão lhe ajudar. Em Macapá, estão disponíveis para leitura nas Bibliotecas: Elcy Lacerda, Ambiental da SEMA, SESC-Centro e SESC-Araxá.


Para conferir também:

terça-feira, 5 de maio de 2015

"Coleção Viagens de Zé Mururé" - Editora Estudos Amazônicos

Ulha, só! Mas que livrinho paidégua, sumano! Só o açaizão du grussu!
Mostra as aventuras de um caboco, de graça Zé Mururé. Vou te contar! Além do piqueno ser sabido da conta, tem um batelão porreta batizado de Juvêncio. É com ele que vive pra cima e pra baixo pelos rios da Amazônia, transportando mercadorias e visitando as comunidades. Paresque mora em Porto Cheiroso, pelas bandas do Pará, conhecendo estórias e apresentando a rotina do povo sacudido que são os ribeirinhos da Amazônia. Eita pau! Tem cada estória bacana! Hunrrum, nem te conto meu mano! E tu duvidas é?
 


Na aventura "A Boiuna e a Moça" o Zé Mururé tem que ajudar uma piquena embuchada, amiga de uma tia. Pota merda, aí pegou! A muleca tá é malacafenta e mundiada pela Cobra Grande. Pra quebrar esse encanto, o Zé tem que dar um desdobro pra colocar uma flor e um pouco de leite de gente na boca da Boiuna. A gita velha, não! A ficela promete... Arrupia, mano!
Poxa vida! Por essas e outras que gostei do livro, que tem muita verdade e carisma do Norte. E num é? Com texto nos trink's de ADRIANA CRUZ e ilustrações caquiadas de ALLAN BITTENCOURT e BRISA NUNES


Título: A Boiuna e a Moça
Coleção: Viagens de Zé Mururé
Autora: Adriana Cruz

Ilustrações: Allan Bittencourt / Brisa Nunes
Editora: Estudos Amazônicos 

Páginas: 20
Ano: 2012
ISBN: 978-85-64540-52-1

Temas: Literatura infantojuvenil / Amazônia / Lendas 

Ah, esqueci de falar que o Zé tem um amigo bruguelo chamado Miguel, pra quem conta esses causos, porque ele gosta de ouvir. Que nem eu! 
Égua, não, olha, égua, não! Gostei muito do livro. Simples, curtinho e paidégua demais! Vou logo é sugerir outros da série da Editora Estudos Amazônicos para quem curte mitos da Amazônia. Para os amigos professores também!

quinta-feira, 30 de abril de 2015

Revista ICOMI Notícias Nº 34 (1967)

Ô gente boa! Resgato aqui mais uma edição da histórica revista ICOMI Notícias (Nº 34 de Março/Abril de 1967). Material sempre bem-vindo às pesquisas dos áureos tempos da ICOMI e Serra do Navio.


Algo da revista:

A edição enfatizou os 25 anos da empresa no Brasil. 
Na foto da capa o local em Minas Gerais onde deu os primeiros passos para exploração de ferro e manganês. 
A reportagem iniciada na página 18 conta um pouco da história desde 1942. O texto exalta a liderança de 90% nas exportações brasileiras do minério. Evidentemente, a maior parte para os EUA, o principal empreendedor na quantia vultuosa que a empresa precisou para as operações. Também em função da corrida de reconstrução e guerra fria que sucederam a Segunda Guerra Mundial. 
Gosto de ver imagens nas edições antigas e separei duas, que são representativas de itens importantes da economia amapaense, depois dos bens minerais.

 Pesca do camarão
 Produção de farinha

Em breve, mais edições!

Dê uma conferida também em:

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Rosa Dalva e o origami na Biblioteca Ambiental SEMA-AP

Olha aí a Rosa Dalva, da Biblioteca Ambiental da SEMA em Macapá, apresentando um pouco de seu excepcional trabalho com origami! Uma alternativa viável, prática e bonita para reaproveitamento de papel na Educação Ambiental.

Foto: Rogério Castelo

O vídeo foi apresentado em 25/04/2015 no programa Amazônia em Revista, com imagens de João Pantoja e reportagem de Narah Rodrigues.



"Tudo começou com uma curiosidade e muito tempo de sobra. Dona Rosa estava doente, não podia fazer muitos movimentos, pela televisão viu a técnica de dobraduras e resolveu aprender para exercitar como uma terapia. Deu tão certo, que nunca mais parou de fazer. Até cursos para comunidades carentes ela já ministrou." (Fonte: Amazônia em Revista)

Algumas oficinas de reciclagem, ministradas por Rosa Dalva:

Oficina na Escola José Bonifácio (Curiaú - 2013 - VEJA MAIS)
 Biblioteca Ambiental da SEMA - 2012 (VEJA MAIS)
Biblioteca Ambiental da SEMA - 2013 (VEJA MAIS)
 
 Expofeira 2013 (VEJA MAIS)
 
Oficina na Escola Bosque (Bailique - 2014)
Oficina em Vila Vitória (Oiapoque - 2014) 
Exposição na FIO (Feira Internacional do Oiapoque - 2014)
 Praça Floriano Peixoto - 2015 (Dia do Trabalhador)

 ROSA DALVA
PARABÉNS PELO BONITO TRABALHO!

sexta-feira, 20 de março de 2015

"Saraminda" - José Sarney

Conhecendo algo mais na Literatura Amapaense... 

"Saraminda" é um romance do escritor e político José Sarney ambientado na região do Contestado Franco-Brasileiro. Publicado no ano 2000, caracteriza-se por uma percepção mais íntima e rotineira da região em litígio. Obra pioneira e reveladora desse importante capítulo na história brasileira.

O Contestado Franco-Brasileiro
A região do Contestado era marcada pela exuberância e riquezas naturais. Por essas e outras, também terra cobiçada e disputada secularmente entre dois povos. Seduzidos e entregues à obtenção desses valores em lida rotineira com forças que parecem indomáveis, expressas na natureza selvagem e na ausência de um estado definido e incisivo em sua organização. Assim, essa ambientação influencia cada personagem, como um romance naturalista, com estórias sujeitas às tais forças presentes. Intensas em seu desenvolvimento, transbordando eroticamente no amor e arduamente nos sonhos de riqueza. Esse é o cenário.

Pintura de Baltazar
(Sensualidade inebriante
como a de Saraminda)
A terra seduz e traz para si as personagens: 
SARAMINDA - bela e exótica mestiça guianense, sedutora de paixões e lutas por seus belos olhos verdes e bicos de seio dourados, impondo seus caprichos de fêmea indomável semelhante a terra que seduz e sujeita todos às suas adversidades, no sonho e busca de riquezas; 
CLÉMENT TAMBA - um crioulo de Caiena no encalço do ouro recém-descoberto no rio Calçoene (migrante como tantos outros que o antecederam e precederam); 
CLETO BONFIM - brasileiro dono de garimpo, arrebatado pelo novo eldorado e pela paixão desenfreada por Saraminda;
JACQUES KEMPER - francês vindo de Paris com uma entrega aos caprichosos desejos da mulata (por suas constatações, sujeições e descobertas, traz reflexões sobre essa sociedade que figura ora anárquica ora selvagem, insurgente, envolvente e incisiva em sua vida também). Essas são as principais personagens.

Paisagem Amazônica (Pintura de Carla Marinho)
A estória se passa no fim do século XIX, tem particularidades como a presença do Cabralzinho (aceitável ou não em suas ações e propósitos, pois o romance é binacional) e na narração apoiada nas lembranças de Tamba (que coloca o leitor como um confidente, vendo-se considerações ou desabafos das personagens por suas escolhas e condutas). Tanto o lado francês (em Caiena) quanto o do Brasil (adjacências) são mostrados em situação de tristeza e dificuldades. Reflexão para a ferrenha disputa pela região. É onde se encontrava La Couleur... 

O foco é a terra e suas facetas, envolvendo brasileiros e franceses em paixões e lutas. Romance pioneiro sobre essa disputa no Amapá. Diferente e interessante em uma atípica narrativa de amor e ódio.
Em minha visão a estória não é bonita, mas forte e reveladora dos idos do Contestado. Essa foi a sedução em minha leitura.

Título: Saraminda  
Autor: José Sarney
Páginas: 250

Editora: Siciliano
Ano: 2000
ISBN: 85-267-0859-7
Temas: Romance / Amapá / Contestado Franco-Brasileiro


TAÍ, GALERA! MAIS UMA OBRA PARA CONHECER E CURTIR!

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Biblioteca da SEMA (TV Amapá, Janeiro/2015)

Cléia Andrade (Repórter), Rosa Dalva (Gerente do NIDA)
e Inival Silva (Cinegrafista)
A Biblioteca Ambiental da SEMA  foi tema de matéria exibida na TV Amapá nos dias 28 e 31/01, com reportagem de Cléia Andrade e imagens de Inival Silva
Biblioteca SEMA (ou NIDA, Núcleo de Informação e Documentação Ambiental) tem um dos maiores acervos literários do estado e, apesar da importância, ainda é desconhecida por grande parte da sociedade. A especialidade é o Meio Ambiente e, entre os assuntos de maior procura, destacam-se os temas: Ressacas, Educação Ambiental, Unidades de Conservação do Amapá e Legislação Ambiental.  


Veja o vídeo, publicado originalmente em globotv.globo.com


Está aberta para consultas de segunda a sexta, pela manhã e a tarde.

Veja também:
Biblioteca da SEMA (Agência Amapá, Janeiro/2015) 

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Biblioteca da SEMA (Agência Amapá, Janeiro/2015)

Em 27/01/2015 o site Agência Amapá exibiu a seguinte reportagem sobre a Biblioteca Ambiental da SEMA em Macapá:

Biblioteca da Sema disponibiliza grande acervo ao público
Gustavo Barbosa
gustavo-jor@hotmail.com
Da Redação - Agência Amapá
Biblioteca da SEMA atende estudantes e pesquisadores de todos os níveis de ensino.
A Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA) abriga um dos mais impressionantes acervos literários do Estado. Composta por mais de 12 mil livros e periódicos, a biblioteca, ainda desconhecida do grande público, é especializada em meio ambiente mas também possui livros de outras áreas do conhecimento.
De acordo com Rosa Dalva, gerente da biblioteca, o local atende desde o público infantil até pós-doutores, além de compreender também um memorial e acervo em vídeo para exposições didáticas. "Nós temos um acervo especializado em meio ambiente e também outras obras para atender alunos do ensino médio que queiram se preparar para concursos e vestibulares. A nossa entrada é franca e funcionamos até às 18h", acrescentou Rosa Dalva.
A Biblioteca da Sema ainda tem fundamental importância para a disseminação literária pelo Estado, pois atende municípios em todo o Amapá montando bibliotecas e capacitando os funcionários para trabalhar nelas. "As prefeituras fazem a solicitação para a Sema e cedem o local e os funcionários que trabalharão no local. A partir daí nós entramos com o acervo e a capacitação dos funcionários para atender o público e tratar da biblioteca", informou a gerente. Já são mais de 21 bibliotecas espalhadas pelos municípios amapaenses.
Além disso, a equipe da biblioteca é regularmente convocada para ministrar palestras em municípios do interior do Amapá e em faculdades que possuem cursos voltados para o meio ambiente.
Rosa segue falando que a biblioteca começou a ser montada para atender exclusivamente os funcionários da Sema, mas como a demanda foi crescendo estre os especialistas da área ambiental, o acervo foi aberto a pesquisadores e entusiastas de fora da secretaria.
Atualmente a biblioteca ainda possui um estande fixo na Expofeira Agropecuária do Amapá, para onde leva alguns de seus livros e ministra oficinas relacionadas ao meio ambiente.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

"Crônicas Selecionadas" - Oton Alencar

Ô gente boa! Olha aí mais uma dica da Literatura Amapaense, dessas para se curtir num canto sossegado. Quem sabe numa boa baladeira... Opa!

Pr. Oton Alencar
O livro da vez é Crônicas Selecionadas, de Oton Alencar, que traz uma coletânea de mais de 150 crônicas publicadas no jornal Diário do Amapá.  Textos com temas diversos, variando entre o curioso, divertido e edificante, resgatados de uma história de 13 anos de colaboração do autor com o jornal.  A obra foi lançada em Macapá em 10/10/2014 e tem uma abordagem de leitura muito agradável.
Oton Miranda de Alencar é Pastor Presidente da Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Macapá "A Pioneira" e este é seu terceiro livro.

Título: Crônicas Selecionadas
Autor: Pr. Oton Miranda de Alencar
Editora: Inove
Ano: 2014

Páginas: 416
ISBN: 978-85-66343-08-3

Tema: Crônicas Cristãs
 
As crônicas estão organizadas em seis categorias:

Gostei muito da primeira parte (Crônicas Hilárias) com suas histórias e causos surpreendentes. É cada coisa meu mano! De rir e chorar. Citando algumas: "A velhinha que não queria mergulhar" (sobre um batismo em dia frio); "O menino que quebrou a formalidade do culto" (como diria o Chapolim Colorado: Não contavam com minha astúcia!); "A vingança maldilta" (quando o Asiel deu uma de Pedro Malazartes); "A cadeia que fechou por falta de preso" (vem à mente as agruras de Odorico Paraguaçu em O Bem-Amado); "O médico que aprendeu a se comunicar" (bem que poderia ter lido o livro de Cléo Araújo & Maria Zenaide Araújo para não ficar buiando) e "Essas entendem de Copa do mundo" (show!). O fator surpresa está no talento do autor em apresentar certas personalidades através de uma hipotética entrevista, como a do folclórico Vicente Matheus (para quem saca um pouco da história do futebol) e do encontro deste com o Lula. Falando nele, já pensou como seria um diálogo dele com o Sócrates, aquele da Filosofia... Liberdades literárias que o livro nos brinda e diverte.

As entrevistas continuam no foco do autor na parte das Crônicas sobre Personalidades. É dessa forma que fala sobre Freud, Machado de Assis e Luis Gama (intelectual negro nos tempos do Brasil escravocrata). A entrevista com Mônica Lewisky foi a que me chamou mais a atenção, com a história fluindo como um conto de sedução e entrega aos impulsos da paixão.
"Amor gignit amorem." "Ut amoris amabilis esto." "Dicere quod puduit scribere iussit amor." Ei! Nada de mais! Estou apenas citando algo que vi nos textos sobre Freud, que enviava frases latinas para sua amada, Martha Bernays, e esta gostava de colecioná-las. Estas são algumas. A propósito, as frases dizem: O amor gera amor. Quem quer amar deve ser amável. O amor nos aconselha a escrever o que nãoousamos dizer em palavras.

Nas Crônicas Líricas os textos são introspectivos, com reflexões e devaneios sobre felicidade, paz, cotidiano, contemplação da natureza e saudosismo. Ilustrando: "Quando a esperança torna-se desesperança" é um belo texto de valorização da vida. Em detalhes, às vezes, desapercebidos como dádivas que recebemos. "...Quando a esperança torna-se desesperança o sussurrar envolvente da brisa, torna-se uma tempestade que tudo açoita, tudo destrói..."

Nas Crônicas Religiosas, me chamaram a atenção os textos "Mulheres sem Nome" e "Entrevista com Pôncio Pilatos". A primeira fala de mulheres famosas na Bíblia que não tiveram o nome revelado, mas suas ações foram impactantes, e a segunda fala de escolhas. Ambas trazem uma reflexão sobre posicionamento e consequências de nossos atos. Também humildade (Lembra a história da mulher adúltera nos evangelhos? Aquela em que Cristo calou os hipócritas dizendo que se alguém tivesse sem pecado que atirasse a primeira pedra? Apesar de muitos acreditarem ser Maria Madalena, ela está anônima na Bíblia, e essa história é uma lição que precisa ser revista por todos nos dias atuais.

As Crônicas de Memórias lembram histórias da infância e juventude do pastor (vida estudantil, visitas a cidades onde morou e a lugares extraordinários, como o Monte Sinai e Mar vermelho). Citam também Macapá de outros tempos.
Vale uma conferida em "Justas Lembranças", que é uma homenagem e pequena biografia do pastor Otoniel Alencar, que fez um trabalho abençoado de 32 anos na Assembleia de Deus nesta terra. A congregação que participo (Bete Seã) foi fundada em seu ministério como a primeira da denominação.

O livro encerra com Crônicas Selecionadas. Textos bonitos e poéticos, destacando-se "O Livro", "O meu tributo ao livro" e "Os direitos do leitor", que são uma declaração de amor ao estudo e leitura.

Legal a obra e, em sua valorização, penso que deveria ter prefácio, introdução ou alguma apresentação em suas capas ou orelha como referencial ao leitores. Mas tudo tem um propósito e a ausência disso valorizou o fator descobertas no fluir da minha leitura. Fiquei impressionado com a versatilidade do pastor e também com uma vontade imensa de conhecer sua biblioteca particular, citada em algumas crônicas.

Gostei e recomendo para os amigos.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Diante do Trono (Te Agradeço)

"E a paz de Deus, para a qual também fostes chamados em um corpo, domine em vossos corações; e sede agradecidos. 
A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando ao Senhor com graça em vosso coração. 
E, quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei tudo em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai."
 Colossenses 3:15-17

Te Agradeço
(Diante do Trono)
 
Por tudo o que tens feito
Por tudo o que vais fazer
Por tuas promessas e tudo o que és
Eu quero te agradecer
Com todo o meu ser

Te agradeço, meu Senhor
Te agradeço, meu Senhor

Te agradeço por me libertar e salvar
Por ter morrido em meu lugar
Te agradeço
Jesus, te agradeço
Eu te agradeço
Te agradeço