As postagens desse blog são em caráter informal, de apego ao saber popular, com seu entusiasmo, exageros, ingenuidade, acertos e erros.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Revista ICOMI Notícias Nº 13 (1965)

Olha aí, meu povo! Mais uma edição da ICOMI Notícias para os colecionadores de plantão. A revista foi publicada em janeiro de 1965 e comemorou o oitavo ano de instalação da ICOMI no Amapá (oficialmente inaugurada com o primeiro carregamento de manganês no Porto de Santana, em janeiro de 1957). A companhia era celebrada como uma das principais supridoras do minério no mundo, com direito a um gráfico em encarte especial ressaltando.

Outros assuntos relevantes foram:
- Mineiros em festa reverenciam padroeira: sobre a Festa da Mina, que estava virando tradição em homenagem no mês de dezembro.
- Oiapoque, extremo norte do Brasil:  reportagem que inaugurou uma série sobre os municípios do Território Federal do Amapá. Um texto com parâmetro importante e interessante para estudos atuais dessa terra.
- Uma nova vida sob o Equador: Encarte da revista com imagens coloridas (um luxo para a época) em celebração ao oitavo ano da mineradora.


Algumas imagens retiradas da revista:
Mineiros se preparando para Festa da Mina (imagem de 1964)
José Duarte (eleito Mineiro do Ano de 1963), Maria José Araújo (Rainha dos Mineiros em 1964) e Marival Barbosa (o  Mineiro do Ano em 1964).
 Vista aérea da cidade de Oiapoque (1964)
Área de lazer infantil na escola de Serra do Navio (1965).
Encarte sobre o destino do minério de Serra do Navio (1965)

Aguarde outras edições!

Um agradecimento ao colecionador Cosme Juca de Lima, que permitiu a digitalização dessa edição.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Moleques dos anos setenta

Foto: Acervo Histórico do Amapá
Macapá em uma visão do bairro Central. Essas imagens antigas contam muitas histórias sobre o cotidiano e transformações da cidade. Chama atenção  a cobertura vegetal de outros tempos e o trânsito com poucos veículos.
Foto: Acervo Histórico do Amapá
Taí outra imagem que não me deixa mentir, onde se vê a rua Marcelo Cândia, bairro Santa Rita, no trecho do Hospital São Camilo. Época saudosa de meus tempos de infância, onde a garotada tinha muito espaço para brincadeiras nas ruas.
Foto: Acervo Família Castelo
Olha aí minha turma da rua Hamilton Silva em 1976, na casa da Vó Ana. Esses moleques eram mais folgados naquele tempo, andando só de cueca. Eita! Nessa imagem, da esquerda para a direita, na pose: Evandro, Zé Maria (o mudo), Marcelo (na frente), Antônio, Newton (o Baleia, olhando por cima do ombro do Antonio), Val e Charles.
Foto: Acervo Família Castelo
Nessa outra, da esquerda para a direita, só modelo: o Baleia, Val e Inara (minha irmã). Agachados: Marcelo, Eri, Rogerson (meu irmão) e eu. Todos aí, parentes ou vizinhos. Velhos e bons tempos de bola, pira, rabiola, peteca, pião e outras traquinagens nas piçarrentas ruas de Macapá dos anos setenta!

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

"Beiradão - Histórias e Encantos" - Jerfferson Costa

Laranjal do Jari é um dos municípios de maior crescimento no Amapá, tendo uma trajetória importante que remonta a séculos. História marcada pela ocupação inicial por indígenas waijãpi e apalai, com projeção no extrativismo de produtos florestais e fases distintas em seu desenvolvimento na região do Jari - como a do bilionário Ludwig, idealizador da instalação da fábrica de celulose e das silvivilas (Monte Dourado, Munguba, São Miguel e Planalto, no Pará) que atraíram a atenção nacional e estimularam a formação da comunidade do Beiradão no Amapá (atual Laranjal do Jari). Muita coisa para se descobrir e, para a população estudantil e interessados no assunto, estou sugerindo o livro Beiradão - Histórias e Encantos, de Jerfferson Costa Pinto. A obra foi publicada em 2014 e permite uma visualização sucinta de pontos históricos, ambientais, culturais e políticos. 

Na parte histórica, o autor resgata as fases do coronel José Júlio de Andrade, do grupo de portugueses e do empresário estadunidense Daniel Keith Ludwig. Três ciclos importantes e distintos para a formação do município de Laranjal do Jari.
Há destaque para a Revolta de Cesário (esclarecedora em sua representatividade para qualquer que nunca tenha ouvido falar) e também para a excursão dos alemães na década de trinta (que permitiu a coleta de várias informações na região do Jari, estimulou teorias conspiratórias, além de revelar a proximidade e ilusão que os governantes brasileiros tinham com os nazistas).
Sobre os pioneiros, se destacaram em minhas percepções os senhores Benedito Augusto da Gama e Nelson das Graças Fogaça. O primeiro pela história sobre a fundação do Beiradão (até então conhecia o pioneiro Salú como primeiro morador - VEJA AQUI - mas o autor apresenta o senhor Gama como o real fundador e responsável também pela escolha do nome do atual município). O outro mencionado é um dos primeiros comunicadores na região e gostei do relato por resgatar aspectos que o autor estava deixando ausentes (prostituição, violência e precariedade na infraestrutura, que atribuíram ao Beiradão o título de maior favela fluvial do mundo na mídia nacional). Aspectos tristes, que o povo de Laranjal nem gosta de lembrar, mas que estão na história da localidade e servem de parâmetros para avaliação atual.
Há outros relatos interessantes para a visualização do cotidiano da antiga comunidade. Os textos foram nostálgicos porque morei em Monte Dourado nos anos oitenta e identifiquei muita coisa relatada. Lembrei da "Burra Preta", das catraias, passarelas, comércio intenso, de festas que traziam músicos conhecidos e de outras descrições.
Não sabia que a Assembleia de Deus tinha sido a primeira igreja evangélica na localidade. E se instalando no local de pior fama, o bairro das Malvinas (e fez-se luz...).
Ainda nos pontos históricos, penso que teria sido interessante a abordagem sobre a BR-156 (que tirou a região do isolamento dando nova opção em relação ao transito fluvial intenso, marcado por um dos maiores desastres fluviais na Amazônia) e sobre a hidrelétrica de Santo Antonio (que é estimada como um fator essencial para o desenvolvimento da região e cuja ausência foi determinante no fracasso do Projeto Jari na fase Ludwig).

Laranjal do Jari

Na parte cultural a abordagem é a mais resumida do livro, mostrando as lendas do Jacaré da enchente e da Cobra Honorato e Sucuri. A região é dominada por uma natureza muito rica e representativa quanto aos castanhais. Gostaria de ter visto algo relacionado a isso.

No aspecto ambiental é ressaltado que a região tem grande parte de suas terras sob proteção, ostentando o título de município mais preservado do país. As principais unidades de conservação são apresentadas sucintamente (PARNA Tumucumaque, ESEC do Jari, RDS do Rio Iratapuru e RESEX do Rio Cajari). A região tem muito potencial ambiental.

O autor, Jerfferson Costa Pinto, é bisneto, neto e filho de castanheiro. Nascido em Monte Dourado, distrito do Município de Almeirim, Estado do Pará, localizado em frente ao que é hoje conhecido como Município de Laranjal do Jari, cresceu no bairro das Malvinas em meio as palafitas às margens do Rio Jari. Teve infância difícil como de muitos moradores do antigo Beiradão, o que despertou seu interesse de pesquisar e escrever sobre a história do lugar, as lutas e vitórias desse povo. Jerfferson Costa reúne nesta obra um apanhado de relatos de moradores tradicionais, acreditando não somente realizar um sonho, mas o registro de uma parte da história de seu povo, sua terra e seus encantos.
Obra interessante para pesquisas e descoberta da região em seus aspectos mais marcantes. Em Macapá, está disponível para consultas na Biblioteca Ambiental da SEMA.

Informações do livro:
Título: Beiradão - Histórias e Encantos
Autor: Jerfferson Costa Pinto
Editora: Tarso
Ano: 2014
Páginas: 88
ISBN:978-85-914296-5-3
Tema: História de Laranjal do Jari (Amapá)

Sumário:
01) Introdução
02) Apresentação
03) Meio Ambiente
04) Economia
05) Turismo
06) Cultura
07) Mitos e Lendas
08) O interesse internacional pelas terras do Jari
09) O alemão e a Amazônia
10) Rei da castanha
11) A Revolta do Cesário
12) O Jari e os portugueses
13) O Jari e os americanos
14) O Jari e seu personagens
15) Política
16) Considerações finais

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Xapuri do Amazonas (Nazaré Pereira)


Nazaré Pereira é uma cantora natural de Xapuri, Acre, que canta os sons das regiões Norte e Nordeste. Uma de suas obras mais representativas é o LP “Amazônia”, gravado na França e lançado no Brasil em 1980. O disco tem capa premiada pela beleza e traz o sucesso “Xapuri do Amazonas”, de sua autoria, além de composições famosas de Luiz Gonzaga e Zé Dantas. A música cita o rio Jari, também, porque na época cogitava-se a construção de uma usina nuclear na região. A canção mostra a vida simples do povo da Amazônia, exprimindo nostalgia e valorização da terra. 
Fonte: letras.com.br e forroemvinil.com


Dona Maria minha mãe morena,
cabocla linda lá do rio jarí
Fosse descendo pelo amazonas,
o sol brilhou pra mim no Xapuri

Lá no Xapurí, lá no Xapurí, lá no Xapurí, lá no Xapurí
Dona Maria, mãezinha morena
ainda sou tão pequena e sinto saudades.

Do balançar de rede, dos igarapés,
destas coisas lindas que não tem idade.
Dona Maria, mãezinha morena
ainda sou tão pequena e sinto saudades.

De me banhar nos rios, tomar tacacá,
beber açaí lá em Icoaracy.
Lá em Icoaracy, lá em Icoaracy,
lá em Icoaracy, lá em Icoaracy.

Terra cabocla, terra pequena, cheirando a flor,
cheirando açucena.
Igual teu cabelo, dona Maria,
minha mãe morena, ooi.

Lá do rio Jarí, lá do Xapurí,
lá de Icoaracy, lá do Xapurí.
Lá do rio Jarí, lá do Xapurí,
lá de Icoaracy, lá do Xapurí.